Por Sidney Matos
Desde que ouvi o nome do meu país pela primeira vez na escola foi atrelado a seu nome uma promessa de país do futuro, sem desigualdades, com riquezas e recursos naturais inesgotáveis, país jovem e livre, podíamos desperdiçar qualquer recurso pois nada ia acabar e coisas do tipo.
Com o passar do tempo, nas 3 décadas seguintes, o que eu e todos da minha idade ou mais velhos viram foi o aumento da pobreza, degradação do meio ambiente e aumento dos impostos inversamente proporcional qualidade dos serviços públicos.
O país do futuro como sempre foi chamado passou a ser chamado jocosamente de país sem futuro.
Conhecer os problemas é o ponto de partida para buscar soluções e acredito que uma pequena parcela da sociedade procurou por muito tempo uma solução de longo prazo, que eu sempre acreditei que fosse a melhor alternativa e esta solução deveria estar em fortalecer a educação.
Por outro lado, apesar de existir esta pequena parcela da população interessada em fazer o país crescer de maneira sustentável, existia também uma grande parcela da população sedenta de trabalho e consumo.
Tivemos isso, o desemprego caiu e o consumo subiu nos últimos anos. Brasileiros com uma formação quase primária trabalhando em empregos que exigem o mínimo de formação, sendo treinados, por exemplo, a colocar o dedo num teclado para registrarem a venda num fast food sem ter a mínima idéia das conseqüências daquele ato, passando cartão de crédito de um cliente com a única satisfação de que agora sim, ele estava empregado e também podia ter o seu cartão de crédito e poderia comprar algo que o valor da parcela encaixasse no seu orçamento doméstico. Orçamento??? Claro que não, poucos sabem o que é isso. O que a maioria quer é empregar seu salário em coisas que nunca teve, normalmente baratas que vem da China via Paraguai e/ou de qualidade duvidosa, coisas que as vezes nem sabia que existia mas passaram a ser o sonho de consumo.
E o FUTURO???
Enquanto vivíamos em um país fechado comercialmente era mais fácil sustentar uma fantasia como essa. Aliás, essa fantasia durou apenas 6 anos e depois foi retocada insistentemente até o final do ano passado.
Para facilitar o consumo acelerado o nosso dinheiro foi valorizado, o que deu oportunidade de comprar artigos extremamente baratos, artigos que quanto mais se procura o preço mais ficamos surpreso de como pode ser barato, comparado com um produzido no Brasil.
O final da história é: somos um país com profissionais jovens, com formação e remuneração compatíveis (baixos), que falam no gerúndio, ganham pouco, tem iPod e uma moto 125cc, ou um carro financiado em 60 meses, mas que quando comparados com outros profissionais de outros países são extremamente caros e mal preparados. O crédito dado ao povo para que se endividassem e mantivessem a ilusão de que o Brasil é um país que se desenvolveu é uma ilusão que cairá por terra quando o governo federal não conseguir aumentar impostos para sustentar a divida interna.
Um pais é feito de pessoas e o desenvolvimento do país precisa de pessoas educadas e bem formadas, independente de terem iPod não precisam ter uma boa formação.