Os dados de fevereiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) sinalizam que os segmentos exportadores da indústria serão os únicos capazes de aumentar o quadro de funcionários e, assim, limitar as demissões do setor. A avaliação é do presidente do Conselho Federal de Economistas, Júlio Miragaya. “A indústria que depende de exportar compensa a perda de mercado interno com o aumento das exportações, devido ao novo nível do câmbio”, disse.
No segundo mês do ano, a indústria eliminou 26.187 empregos. Dos 12 segmentos, apenas dois registraram saldo positivo: calçados, com as contratações superando as demissões em 7.495, e o de borracha, fumo e couros, com 4.238 empregados a mais que em janeiro. “O mesmo deve ocorrer com a indústria têxtil nos próximos meses, que deve passar por um processo de substituição de importações”, estimou o especialista.
Para Miragaya, o desempenho ruim do mercado de trabalho em fevereiro, com eliminação de 104.582 empregos formais, se deve ao prolongamento da crise política. “O prolongamento do impasse político empurrou o fundo do poço do 4º trimestre de 2015 para o 1º trimestre de 2016”, afirmou. Na avaliação do economista, como a perspectiva de que uma solução para a atual situação do País está mais distante, as empresas “desistiram” de esperar uma saída e março deve registrar um dado ainda pior que o do mês passado.
Qualquer que seja o fim para o impasse político, argumenta Miragaya, é possível esperar que a economia brasileira pare de piorar ao longo do segundo semestre. “Se este cenário se confirmar, podemos esperar o início de uma melhora da economia e, consequentemente, do mercado de trabalho, a partir de 2017”, estima.
Fonte: Estado de Minas