Por Ivo Ribeiro e Vanessa Dezem | Valor
SÃO PAULO – O presidente mundial da Alcoa, Klaus Kleinfeld, se reunirá amanhã com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, para decidir sobre o futuro das operações da multinacional de alumínio no Brasil. É a segunda viagem do executivo ao país em menos de um ano e o primeiro encontro com a presidente da República.
A empresa, desde o início do ano, avalia a possibilidade realizar cortes de produção no país – aos moldes do que tem feito em alguns outros países, principalmente EUA, cujas operações também estavam se tornando inviáveis economicamente em relação à queda de preços do metal no mercado internacional.
No início do ano, Franklin Feder, presidente da multinacional para a América Latina e Caribe, adiantou ao Valor que a matriz dera um prazo de três meses para que fossem encontradas soluções para as operações brasileiras. Em março, o governo brasileiro pediu a prorrogação do prazo para a decisão da multinacional.
Está sendo cogitado corte de produção em uma das duas unidades de fundição de alumínio da empresa: Poços de Caldas (MG) ou São Luís (MA). Há a possibilidade de se transferir a energia – produzida pela própria Alcoa – de Poços de Caldas para as operações do Norte, que são mais eficientes. “Há algumas soluções em vista. A redução [da produção] está em risco, mas não vamos chegar no início de junho e fechar as portas”, afirmou Feder, recentemente.
No Brasil, observou o executivo, o custo da energia é o ponto crucial da fabricação de alumínio. O preço do MWhora, informou Feder, já atingia US$ 80, mais que o dobro da média mundial. Como a empresa tem uma parcela de energia própria, uma alternativa é desligar os fornos de Poços de Caldas e destinar essa energia para a unidade da Alumar, que tem maior rendimento energético do insumo. Até abril, a situação era confortável, pois o metal estava em alta e era negociado a US$ 2,7 mil a tonelada. Na última sexta-feira, o metal era vendido a US$ 1.979 na Bolsa de Metais de Londres (LME).
Em janeiro deste ano, a Alcoa anunciou o corte de 531 mil toneladas na capacidade global de fundição. Os cortes ocorreram nos EUA (Texas e Tennessee), na Itália (Portovesme) e na Espanha (La Coruña e Aviles). Meses depois, os cortes aconteceram no segmento de alumina, somando 390 mil toneladas, nos mesmos países.