A economia mundial atravessa um período de bastante instabilidade. Os Estados Unidos desaceleraram no último trimestre. As ações americanas estão caras, a Europa tem dificuldade para decolar. As finanças da Grécia permanecem frágeis. E os EUA logo entram em novo período eleitoral.
Os investidores que estão tentados a vender ativos de risco e correr para um lugar seguro não precisam mais procurar por justificativas. Se você é um deles, porém, faça algumas ponderações: grande parte do que interessa em investimentos envolve princípios básicos e não eventos atuais.
Aqui estão cinco desses princípios:
1.Diversificar para limitar o risco de perdas em um mundo cheio de incertezas. Se há 30 anos, um visitante do futuro dissesse que a União Soviética seria desmantelada, a bolsa de valores do Japão permaneceria estagnada por 25 anos, a China se tornaria uma superpotência e o Estado americano de Dakota do Norte ajudaria os EUA a se tornar rapidamente uma fonte de petróleo, poucos teriam acreditado. Os próximos 30 anos serão igualmente surpreendentes.
Diversificar em vários ativos pode ser frustrante. Isso exige que, em todos os momentos, tenhamos em carteira alguns ativos impopulares.
Por que eu iria ter ações da Europa se a economia está um caos? Por que eu compraria títulos de dívida se os juros estão tão baixos?
A resposta apropriada é: “Porque o futuro pode se desenrolar de uma forma que você ou seu consultor financeiro talvez não possam compreender.”
2.Você é seu próprio pior inimigo. O maior risco que os investidores enfrentam não é uma recessão, um mercado baixista, o banco central ou o partido político de oposição. O maior perigo está em suas próprias emoções e tendências e os comportamentos destrutivos que elas provocam. Você pode ter o maior talento para descobrir boas ações do mundo, capaz de detectar as empresas vitoriosas de amanhã antes de todos. Mas se entrar em pânico e vender durante o próximo ciclo de baixa, nada disso importará.
Não há muitas regras rígidas de investimento, mas uma delas é que nenhum cérebro com enorme poder compensa erros comportamentais. Descubra quais erros você está inclinado a cometer e adote estratégias que limitam os riscos.
3. Há um preço a pagar. O mercado de ações historicamente tem oferecido retornos de longo prazo estelares, bem melhores que o mercado à vista ou de títulos de dívida. Mas há um custo. O preço de admissão para ganhar esses retornos elevados de longo prazo é uma torrente contínua de eventos imprevisíveis, volatilidade sem sentido e quedas inesperadas. Se você mantiver seus investimentos através dos períodos ruins, você não precisa pagar essa conta: é uma sobretaxa mental, mas é muito real. Nem todo mundo quer pagar por isso, o que explica porque existem oportunidades para aqueles que são capazes de manter o barco na rota. Há um desejo compreensível de prever o que o mercado fará no curto prazo. Mas a razão das ações oferecerem retornos de longo prazo superiores é precisamente porque não podemos prever o que elas farão no curto prazo.
4. Na dúvida, escolha o investimento com tarifa menor. O lucro dos investidores sempre será o retorno do mercado menos todas as tarifas e despesas. Tarifas abaixo da média, portanto, oferecem uma de suas melhores oportunidades em ter um retorno acima da média. E as evidências não negam: quanto menor os custos, maiores as chances de lucro a seu favor.
5. O tempo é a força mais poderosa nos investimentos. O patrimônio líquido de cerca de US$ 73 bilhões de Warren Buffett, de 84 anos, é formado quase todo ele de ações da Berkshire Hathaway. As ações da Berkshire subiram 24 vezes desde 1990.
Quase US$ 70 bilhões dos US$ 73 bilhões de Buffett foram acumulados em torno ou depois de seus 60 anos.
Buffett é, claro, um investidor fenomenal cujo talento poucos replicarão. Mas a chave de sua fortuna é que ele tem sido um investidor fenomenal por quase 70 anos.
As fortunas crescem exponencialmente – um pouco no começo, depois um pouco mais, e então de forma acelerada para aqueles que investem por mais tempo.
Essa lição – de que tempo, paciência e perseverança produzem efeitos positivos – é algo que nós simples mortais podemos aprender, especialmente os jovens trabalhadores começando a economizar para a aposentadoria.
—Morgan Housel é colunista da Motley Fool.
Fonte: The Wall Street Journal