São Paulo – A Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) inaugurou na semana passada a ampliação da fábrica localizada em Cruz Alta, no norte do Rio Grande do Sul, com a introdução de uma segunda planta produtiva. Com o investimento de R$ 130 milhões, o grupo mira alto. Pretende apostar no potencial de venda do principal produto fabricado na planta de Cruz Alta, o leite em pó – a unidade também faz creme de leite em achocolatado, mas em menor quantidade. De acordo com o presidente da cooperativa, Caio Cézar Vianna, hoje a CCGL detém 8% do mercado nacional de leite em pó. O objetivo é, nos próximos anos, chegar a 15% de market share.
Segundo ele, o único fator que impedia a cooperativa de ganhar mais espaço no mercado era justamente a estrutura produtiva, que se mostrava insuficiente. “Há três anos estamos operando com a capacidade totalmente lotada no pico da safra de leite”, explicou em entrevista ao Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado.
Com a ampliação, a capacidade produtiva passará dos atuais 1 milhão de litros de leite/dia para 2,2 milhões de litros/dia. A unidade nova já opera em fase de testes. Vianna espera que a estrutura esteja perfeitamente ajustada até o fim de agosto. A partir daí, a CCGL quer aumentar a captação de leite de forma gradual. “Imaginamos ter a segunda planta trabalhando com 100% da capacidade num horizonte de cinco anos. Pensando com otimismo, três anos. E, com pessimismo, seis”, disse.
Hoje, as regiões Norte e Nordeste – que são as maiores consumidoras de leite em pó do País – recebem 90% da produção da CCGL. Com o aumento da produção, a cooperativa quer atingir também o Sudeste. Outro foco de atenção é o mercado externo. A CCGL está habilitada para exportação pelo Ministério da Agricultura. Em 2016, no entanto, a valorização do leite no mercado interno, associada a um momento de preços baixos no mercado internacional, tornou a exportação desvantajosa. “Em qualquer momento, se o quadro mudar, podemos mandar este produto novamente para fora, regulando os preços do mercado interno, evitando ‘superofertar’ o mercado doméstico”, avaliou. “Queremos estar preparados para isso.”
Vianna explica que a decisão de privilegiar o leite em pó é estratégica, já que ele tem uma durabilidade maior e, além disso, é um produto desidratado, que reduz em oito vezes o volume original do leite. “Por isso, permite uma estocagem barata e uma logística igualmente barata, o que nos garante uma flexibilidade comercial maior”, comentou.
Captação
Hoje, o Rio Grande do Sul vive um momento de queda na produção estadual de leite. Alguns produtores abandonaram a atividade, desestimulados pela alta dos custos de produção, sobretudo do custo de alimentação dos animais – por causa da disparada no preço do milho. Depois, a situação foi agravada pela entressafra severa, afetada pela chuva em excesso e, na sequência, pelo frio intenso e pela geada.
Vianna reconhece que a CCGL sentiu esta diminuição no volume captado, mas que, no caso da cooperativa, este foi um “problema bom”, já que estavam operando no teto da capacidade. Agora, o grupo dependerá de um crescimento da captação de leite por parte dos produtores associados para ter os planos de expansão levados adiante.
“A partir de agora queremos receber mais leite e sabemos que este processo pode ser mais lento”, disse. Ele confia que a valorização do produto no mercado local seja suficiente para voltar a estimular o pecuarista. A Câmara Técnica do Conseleite estimou que o preço de referência do leite pago ao produtor no Rio Grande do Sul deveria aumentar 8,79% em junho, alcançando R$ 1,1255 o litro. Nos últimos três meses, a alta acumulada é de 13,84%.
Hoje, a CCGL conta com uma rede de 3,7 mil produtores de leite. O grupo espera que, para operar com as duas plantas próximas da capacidade máxima, será necessário elevar o número de fornecedores para 6 mil e, ainda, considerar que os produtores atuais vão aumentar seu volume de captação.