Com falta de demanda e dificuldade de acesso ao crédito, a confiança dos empresários da construção civil caiu ao menor nível em cinco anos, de acordo com sondagem mensal da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador de confiança do setor (ICST) recuou 3,9% em outubro, ante setembro, ficando em 63,4 pontos, o menor nível da série iniciada em julho de 2010. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 34%.
“Os sucessivos recordes negativos dos indicadores de confiança do setor da construção têm tido grande contribuição do enfraquecimento do nível de atividade, que se acentuou nos últimos meses. A falta de demanda vem sendo apontada pelas empresas como o principal limitador à melhoria do ambiente de negócios”, observou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre.
A percepção das empresas em relação ao presente teve a maior contribuição para a queda do índice de confiança em outubro. O Índice da Situação Atual cedeu 7,9%, para 45,3 pontos, mínimo histórico. Já o Índice de Expectativas recuou menos (-1,5%), mas também registrou o mínimo histórico de 81,5 pontos.
Principais problemas
De acordo com a sondagem, a demanda insuficiente foi apontada por 52% das empresas como uma das principais dificuldades no setor em outubro. No mesmo período do ano passado, 39,1% assinalaram essa opção. Segundo Ana Castelo, “o resultado não deixa de ser um paradoxo para um país cujo déficit habitacional supera os cinco milhões de domicílios, em que a cada ano surgem cerca de um milhão e meio de famílias com novas necessidades habitacionais e que precisa pelo menos dobrar o percentual de investimentos em infraestrutura no PIB”.
As menções de dificuldades com acesso ao crédito bancário quase dobraram de um ano para o outro, de 13% em outubro de 2014 para 23,7% neste mês. Analogamente, o item “outros problemas” avançou de 16,2% para 27,9% das menções no decorrer dos últimos 12 meses. Entre os itens classificados como outros, um dos destaques tem sido a crescente frequência de citações à incerteza no cenário macroeconômico.
Em contrapartida, a opção escassez de mão de obra qualificada, que era o terceiro maior fator impeditivo de expansão das empresas, com 30,6% das assinalações no ano passado, atualmente não representa preocupação. A opção foi sinalizada por 9,6% das empresas.
A edição da sondagem de outubro coletou informações de 723 empresas entre os dias 1 e 23 deste mês.
Fonte: Portal UOL