A empresa do setor elétrico Abengoa , em processo de recuperação judicial na Espanha, está concentrada na busca de uma “solução no mercado” para os empreendimentos que desenvolve no Brasil e que estão com obras paralisadas, disse a companhia nesta quarta-feira.
A declaração, feita à Reuters por meio de nota, indica que a empresa está decidida a se desfazer de projetos no país, um direcionamento que ainda não havia sido tornado público pela companhia.
No início do mês, a empresa disse à Agência Nacional de Energia Elétrica que “decidiu paralisar as obras em curso” no Brasil, independentemente do estágio dos empreendimentos, e que estava em tratativas “há algum tempo” para vender ativos ou encontrar parceiros para os projetos no Brasil, segundo notas de uma reunião entre a companhia e a Aneel às quais a Reuters teve acesso.
“A Abengoa no Brasil está em contato permanente com as autoridades locais em busca de uma solução para os empreendimentos da empresa em desenvolvimento no país”, disse a empresa nesta quarta-feira, em nota.
A fiscalização da Aneel já prevê que a hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior do mundo, deverá enfrentar “grande restrição na geração” devido ao atraso de linhas de transmissão que levariam energia da usina do Pará ao Nordeste, a cargo da Abengoa.
Segundo relatório da agência visto pela Reuters, “a obra foi paralisada no mês de dezembro”, após a matriz entrar com pedido preliminar de recuperação judicial na Espanha, e com isso não deverá cumprir o cronograma necessário para garantir a geração de energia sem limitações na usina do Xingu.
“É bastante provável que haja restrição de geração (em Belo Monte) no período de novembro de 2016 a julho de 2017”, destacou o documento da Aneel, que projeta a conclusão das linhas para o final de setembro de 2017.
O contrato de concessão do sistema de transmissão, assinado em agosto de 2013, previa a entrada em operação para agosto de 2016, um prazo já descartado pelo regulador.
Na nota desta quarta-feira, a Abengoa afirmou que “os projetos da companhia são estratégicos para o sistema elétrico nacional, não só a linha de Belo Monte”.
A companhia ressaltou que busca solucionar as questões “no menor prazo possível” para que possa “mitigar possíveis impactos”, mas não deu outros detalhes.
Fonte: Revista Exame