Líderes podem ser empreendedores, mas empreendedores não são necessariamente líderes. A vontade de empreender é entendida como um fator motivacional intrínseco que advém de um valor pessoal, cuja importância é sentida de forma diferente pelas pessoas. Isso significa que nem todos pensam ou gostariam de ter um negocio próprio, uma característica marcante em empreendedores.
Por outro lado, a habilidade de liderar está diretamente relacionada ao desenvolvimento de uma competência. Como alinhar então essas duas dimensões da personalidade humana e colocá-las lado a lado para que se complementem, viabilizando assim a realização de negócios inovadores e de sucesso?
A resposta pode ser encontrada quando empreendedores equilibram seu foco de atuação no “o que fazer” e no “como fazer”. A partir do momento em que conseguem associar essas duas ações, as competências de liderança podem ser desenvolvidas. Empreendedores têm sonhos e, a partir deles, criam uma visão de futuro para os negócios, que precisa ser compartilhada com seus colaboradores, gerando motivação.
Inspirar e influenciar o time na busca de resultados deve ser um exercício constante. Barreiras como a ansiedade e a pressa em ver o sonho realizado precisam ser enfrentadas com maturidade, pois são elas as principais responsáveis por negócios que fracassam logo após a sua criação.
Um dos grandes desafios dos empreendedores é ter a consciência de que precisam envolver as pessoas. Que devem abrir espaços para que elas possam ajudá-los a pensar na melhor forma de concretizar suas ideias. Precisam evitar a armadilha do imediatismo e aprender a trabalhar com diferentes perfis, por vezes menos arrojados, porém, mais consistentes que o seus, para que haja um equilíbrio em suas ações. Saber ouvir, ponderar e reavaliar as suas percepções pode evitar o desejo de focar na visão em detrimento da necessidade de enfrentar a realidade.
Empreendedores possuem mentes criativas e espírito inovador. Porém, precisam ser orientados a focar no desenvolvimento de uma estratégia organizacional que garanta a sustentabilidade do negócio. Quando entendem a importância de definir objetivos e metas em conjunto e de forma consensual, propiciam ao time um ambiente de aprendizado e engajamento.
Pessoas não seguem pessoas, mas sim os seus valores, quando esses se alinham aos seus. Compartilhar uma visão de futuro e transformá-la em inspiração é primeiro passo de um empreendedor na árdua, mas gratificante caminhada para se tornar um líder.
Maria Cristina Ortiz de Camargo é especialista na área comportamental e docente da BSP – Business School São Paulo.
Fonte: Revista Exame