RIO – A indústria brasileira mostrou em abril, mais uma vez, comportamento predominantemente negativo, em um cenário de menor intensidade que refletiu em três das categorias econômicas e em metade dos 24 ramos da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF). Dificuldades internas e externas explicam o desempenho do setor. A avaliação é do gerente da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.
Na passagem de março para abril, a indústria passou de queda de 0,5% para recuo de 0,3%, na série dessazonalizada. No período março-abril, a indústria acumulou baixa de 0,8%. Com o resultado de abril, a indústria ficou 4,5% baixo do pico de produção, registrado em maio de 2011.
“Há claramente uma menor intensidade da produção industrial, provocada por uma série de variáveis, como estoques elevados; maior presença de importados no mercado doméstico; dificuldade de colocação de produtos nacionais no mercado internacional; menor demanda das famílias e inadimplência elevada; encarecimento e maior restrição do crédito. Esses fatores, que já há algum tempo vêm sendo comentados, dão o tom da produção industrial”, afirmou Macedo.
A produção de bens de capital cedeu 0,5% em abril, na comparação com março, descontando-se os efeitos sazonais. No mesmo período, a produção de intermediários diminuiu 0,2%, enquanto a de duráveis teve queda de 1,6%. Apenas a produção de semiduráveis e não duráveis teve resultado positivo, com alta de 0,4%.
“Muito desse comportamento de bens semiduráveis e não duráveis tem relação com a produção de gasolina, álcool e itens farmacêuticos. Outro setor que teve contribuição foi de alimentos, sobretudo itens para uso doméstico, como carnes e sucos”, disse o especialista.
Por Diogo Martins | Valor