RIO – A indústria de São Paulo foi o “grande destaque negativo” no cenário do emprego industrial no ano passado, segundo o economista do departamento de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.
Emprego industrial recua em São Paulo
Segundo ele, o recuo de 4,2% no Estado em 2014 ante o ano anterior foi o mais intenso da série atualizada da Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário (Primes), iniciada em 2002.
São Paulo representa 32% do emprego industrial, e 40% da população industrial do país, lembrou. “Claramente, São Paulo é um bom retrato do emprego na indústria no cenário nacional, com recuos disseminados nos setores investigados”, afirmou.
O especialista considerou que, apesar de um aumento de 0,4% no emprego industrial no país em dezembro – a primeira taxa positiva após oito meses em recuo -, uma trajetória sustentável de recuperação só se dará a partir de uma retomada da indústria – e isso não está acontecendo até o momento.
“Tivemos um dezembro que permaneceu com a característica observada ao longo do ano, com redução de ritmo na atividade”, disse Macedo, citando o recuo de 2,8% na produção industrial em dezembro ante novembro, anunciado na semana passada pelo IBGE – que conduziu a uma queda de 3,2% na atividade industrial no ano passado ante 2013.
No caso específico de São Paulo, um dos aspectos que mais afetaram negativamente cenário de emprego no maior parque industrial do país foi o desempenho desfavorável da indústria automotiva, não somente em dezembro de 2014, mas também ao longo de todo o ano de 2014.
Esse segmento representa quase a totalidade da indústria de materiais de transporte – setor que respondeu por expressivos recuos não somente em emprego industrial, mas também em valor da folha de pagamento e em horas pagas não somente nas comparações mensais, referentes a dezembro, como no fechamento de 2014. “Mas não é somente veículos automotores (que mostra recuo no emprego industrial). Isso (o corte de vagas) está bem disseminado em vários segmentos”, afirmou.
Macedo admitiu ser preocupante a permanência da trajetória negativa nas horas pagas da indústria, quer serve como um “termômetro” para avaliar possíveis demissões na indústria nos próximos meses – visto que os empresários cortam horas pagas primeiro antes de demitir. “Essa sequência de resultados negativos em horas pagas já se mostra há algum tempo desde o segundo semestre (do ano passado)”, disse.
O especialista reconheceu que o ritmo de corte de vagas é tão intenso que acabou por derrubar o valor da folha de pagamento, que mostrou em 2014 queda de 1,1% ante 2013, o primeiro recuo anual desde 2009 (-2,4%). “Estamos com diminuição clara de contingente (na indústria) e recomposição em termos reais para os salários acaba sendo diluída”, explicou ele.
Fonte: Valor Econômico