Brasília – Apesar de registrar melhora, a atividade industrial continua em queda, segundo revela a pesquisa Sondagem Industrial divulgada nesta quarta-feira, 20, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice que mede a evolução da produção ficou em 47,2 pontos em março, ante 42,2 pontos em fevereiro. Dados menores que 50 pontos indicam retração da produção.
“Em março é usual um aumento da produção na comparação com fevereiro, mês de atividade industrial mais baixa”, explicou a entidade. A comparação anual, entretanto, mostra que o dado está no patamar mais baixo desde 2010.
A pesquisa revela ainda que o emprego industrial continua em queda, mas com ligeira melhora. O índice que mede a evolução do número de empregados ficou em 43,1 pontos em março (ante 42,8 pontos em fevereiro), abaixo dos 50 pontos. Na pesquisa, os índices de evolução de emprego também variam de 0 a 100 pontos, sendo que níveis inferiores a 50 pontos indicam queda no número de empregados, o mesmo ocorrendo no caso do índice de produção.
O quadro ruim na atividade fez com que os estoques da indústria caíssem em março, registrando o índice de 48,9 pontos, quinto mês consecutivo de retração. O índice que mede o estoque efetivo em relação ao planejado passou de 49,7 pontos em fevereiro para 49,3 pontos em março.
Capacidade instalada
A Sondagem Industrial mede também a ociosidade do parque industrial brasileiro. Segundo os dados da pesquisa, no mês passado, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) registrou melhora.
O dado foi de 62% em fevereiro para 64%. “O uso da capacidade ainda é baixo: o porcentual é ainda 3 pontos porcentuais inferior ao registrado em março de 2015 e 6 pontos abaixo da média para o mês”, ponderou a CNI.
Situação financeira
A entidade ressalta que as condições financeiras das indústrias está debilitada. O índice de satisfação com a situação financeira recuou de 38,8 para 37,9 pontos. A última vez que o índice mostrou crescimento acima da margem de erro foi entre o segundo e o terceiro trimestres de 2014.
O índice de facilidade de acesso ao crédito, por sua vez, marcou 29,1 pontos no primeiro trimestre de 2016, valor 1,4 ponto abaixo do registrado no trimestre anterior. “O valor é o menor da série histórica do indicador, o que mostra que a dificuldade de acesso ao crédito é recorde.”
Expectativas
Os empresários continuam pessimistas em relação à demanda, ao número de empregados e compras de matérias-primas para os próximos seis meses. O índice de expectativa sobre a demanda ficou em 47,7 pontos, o de empregados registrou 43,4 pontos e o de compras de matéria-prima foi de 46,7 pontos. Também nesse caso, valores abaixo de 50 pontos indicam perspectivas negativas.
Somente com relação às expectativas sobre as exportações foi registrado otimismo. O índice nesse caso ficou em 52,1 pontos em abril, ante 52,6 pontos registrados em março.
As intenções de investimentos dos empresários industriais continuam baixas. O índice teve queda em abril, registrando 39,0 pontos ante 39,4 pontos de março. O dado é o mais baixo em 30 meses.
A Sondagem Industrial divulgada nesta quarta foi feita entre os dias 1º e 13 de abril, com 2.447 empresas.
Bernardo Caram do Estadão Conteúdo