Pelo menos 20 pequenas e médias indústrias gaúchas de carnes de frango e suína irão se unir para começar a importar milho da Argentina. Em reunião nesta segunda-feira na Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), as empresas deverão encaminhar os primeiros embarques do cereal produzido no país vizinho. A medida será tomada pela dificuldade para comprar milho no mercado interno, onde o preço aumentou mais de 60% nos últimos seis meses.
— O produtor brasileiro está nos forçando a abrir um canal de comercialização que poderá não fechar tão cedo — disse o presidente da Asgav, Nestor Freiberger.
O dirigente refere-se a um suposto movimento especulatório em cima do produto, com o agricultor segurando o grão à espera de alta ainda maior. Na semana passada, o preço máximo da saca de milho paga ao produtor no Estado, segundo a Emater, alcançou o pico de R$ 52. Para as indústrias, soma-se ainda o preço do frete, no mínimo R$ 2 por saca.
Pelo milho argentino, as empresas calculam pagar R$ 46 a saca, já incluindo o frete. Há 15 dias, a BRF e a JBS anunciaram a importação do produto para aliviar a pressão de custos.
Em reunião na sexta-feira, em Caxias do Sul, indústrias de aves encaminharam as primeiras tratativas para a importação, que deverão ser concluídas hoje, juntamente com o setor de suínos. Em 2016, os dois segmentos irão consumir cerca de 6 milhões de toneladas.
As empresas esperam fechar a primeira compra, de pelo menos 30 mil toneladas, e receber o produto até o final de abril.
— Não podemos mais esperar, o preço não para de subir, as contas não estão fechando mais — reclama Freiberger.
Os embarques do país vizinho poderão ganhar força se o governo federal isentar o PIS/Cofins das importações de milho. O pedido formal foi feito na semana passada ao Ministério da Fazenda pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu. A intenção é de uma isenção temporária para o período de escassez do produto — de abril a maio.
— A oneração de carga tributária é muito importante para reduzir os custos em um momento delicado para o setor — avalia Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).