O nível de emprego na indústria do Grande ABC registrou ligeira melhora com vagas em janeiro, indicando abertura de cerca de 450 postos de trabalho em fábricas da região, de acordo com dados de levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), com base em informações passadas pelas empresas associadas a essa entidade.
Indústria supera expectativas com vagas em janeiro
Apesar de modesto, o número – que representou variação positiva de 0,23% em relação ao contingente total de pessoas empregadas na atividade fabril –, surpreendeu representantes do empresariado, que não veem motivos para otimismo neste ano.
“É uma grata surpresa, mas não sei se sustenta (a abertura de vagas) por muito mais tempo”, afirma o vice-diretor da regional do Ciesp de Diadema, Anuar Dequech Júnior. Pelo levantamento, as empresas da cidade geraram aproximadamente 500 postos no mês passado. No caso de São Bernardo, houve a criação de 250 vagas. “É um alento, mas ainda demonstra um cenário de cautela e preocupações no horizonte para o ano”, afirmou o diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Hyodo.
Dequech cita ainda que a melhora pode ser pontual e em segmentos específicos, em que o cenário econômico difícil leva muitas empresas a fecharem as portas e, com isso, as que restam têm menos concorrentes. No entanto, a perspectiva não é animadora. “O ano está extremamente complicado, a tendência é desempregar mais”, avalia.
Vale lembrar que, nos últimos 12 meses, o saldo (diferença entre contratações e demissões) ainda é bem negativo. Em todo o Grande ABC, houve o corte de 19,6 mil postos no período. No balanço de 2014 houve retração no nível do emprego industrial na região, com exceção de outubro, em que houve variação positiva de 0,07%. Na época, a explicação dos dirigentes foi que houve o retorno de pessoal que estava em lay-off (suspensos temporariamente) na Volkswagen. “A situação da indústria continua problemática e, na região, isso é agravado pela crise no setor automotivo. Há um clima de pessimismo, principalmente nas pequenas empresas”, afirma o vice-diretor do Ciesp de Santo André, Norberto Perrela.
Para Hyodo, além do baixo crescimento econômico, do aumento da carga tributária, dos custos de produção e da restrição de energia e água, a fiscalização ostensiva iniciada pelo Ministério do Trabalho na efetivação das cotas de aprendizes e deficientes reduz a geração de empregos e estimula o corte dos existentes. “A legislação obriga cotas muito acima da quantidade de aprendizes e deficientes existente”, afirma.
Dequech afirma ainda que, se a demanda crescer nos próximos meses, vai faltar energia para ampliar a produção por causa da seca, que reduziu a capacidade das usinas hidrelétricas.
Fonte: www.dgabc.com.br