Um certificado ambiental para o setor de transformação mostrar os níveis de dióxido de carbono (CO²) emitidos pela indústria durante o processo produtivo está sendo criado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O CO² é o principal gás causador do aquecimento global. Com o novo “selo verde”, elaborado com supervisão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), será possível registrar a “pegada de carbono” brasileira, deixada ao longo da produção de itens como aço, alumínio, cimento e vidro.
A certificação será lançada em abril de 2016, envolvendo 21 empresas dos sete setores industriais mais intensivos na emissão do poluente, antecipa a coordenadora-geral de Análise da Competitividade e Desenvolvimento Sustentável do MDIC, Beatriz Martins Carneiro.
“A gente acredita que alguns setores industriais do Brasil têm vantagens competitivas no mercado internacional, em função da matriz energética renovável ser mais limpa, e de alguns segmentos já trabalharem na redução de emissões nos seus processos produtivos”, diz Beatriz. “Ao fazer um esquema de certificação, você propicia que as empresas possam mostrar isso”, sugere.
O selo não será estampado em produtos destinados ao consumidor final. Ele será uma ferramenta de empresas para empresas, ou seja, servirá para o mercado selecionar os fornecedores mais sustentáveis. O objetivo é estimular o mercado a selecionar os melhores. “A ideia é de que isso seja uma ferramenta que vá estimular, fomentar, uma melhoria do mercado como um todo”, diz.
Concorrência
As empresas do projeto-piloto aderiram voluntariamente e, segundo a coordenadora, devem se credenciar na disputa por mercado internacional com concorrentes chinesas e mexicanas, que adotaram sistema similar. “Um produto brasileiro que fizer a medição com base nesse esquema vai poder se comparar com o mexicano e chinês para ver se tem vantagem. A gente acredita que há vantagens”, considera.
O selo do MDIC foi desenvolvido em parceria com a embaixada britânica no Brasil, seguindo metodologia elaborada pela Carbon Trust, organização sem fins lucrativos de estímulo à economia de baixo carbono sediada em Londres.
O modelo foi adaptado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a partir da criação de uma regra de categoria de produtos, com um guia de critérios específicos para calcular a pegada de carbono.
Beatriz diz que a certificação carrega um “efeito colateral positivo” para as empresas se modernizarem e fazer com que mais indústrias se credenciem para ter acesso ao certificado.
“Ao coletar os dados, medir e calcular suas emissões, as empresas têm uma melhor avaliação do seu processo produtivo. Isso permite detectar eventuais falhas, desperdícios e problemas para ir ajustando essas coisas aos poucos”, observa a coordenadora do MDIC.
Fonte: Portal Brasil