Em mais um sinal da crise da indústria automobilística no Brasil, a Justiça decretou nesta quarta-feira, 23, a falência da Karmann-Ghia, tradicional fabricante de autopeças sediada em São Bernardo do Campo.
A sentença do juiz Gustavo Dall’Olio, da 8ª Vara Cível do município, é resultado de ação ajuizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que agora pretende entrar com novo processo para que os trabalhadores recebam salários e benefícios atrasados desde dezembro de 2015, que podem ser pagos com bens dos sócios.
“A par de grave situação econômico-financeira (centenas de protestos, demandas, dívidas, etc), com prejuízo a credores e trabalhadores, houve abandono da empresa, por sócios e administradores, assim como inadimplemento da dívida trabalhista”, afirma o juiz, que estima os atrasos trabalhistas em R$ 2,539 milhões.
O sindicato afirma que existem cerca de 600 trabalhadores prejudicados, entre empregados que estavam na ativa e não recebiam seus salários e demitidos que não receberam os valores referentes a rescisões.
A intenção dos sindicalistas, agora, é que pelo menos parte dos direitos dos funcionários seja paga com bens dos quatro sócios da empresa, entre eles um membro da família real brasileira, o príncipe Eudes Maria Regnier Pedro José de Orleans e Bragança. Os outros três, segundo a sentença, são Maristela Astorri Nardini, Alexandre Nardini Dias e Mônica Aparecida Rodrigues Marani.
Os bens de todos os sócios foram bloqueados pelo juiz Dall’Olio. O patrimônio deles declarado à Receita Federal, no exercício de 2016, é o seguinte: Orleans de Bragança conta com R$ 251,1 mil em bens e diretos e R$ 197,3 mil em dívidas e ônus reais; Maristela tem R$ 431,9 mil em bens e direitos e R$ 401,1 mil em dívidas e ônus reais; e Dias tem R$ 30 mil em bens e direitos. Mônica não declarou nada nos últimos cinco anos.
Apesar dos bens declarados, o membro da família real, que tem nove contas em seu nome, não tem sequer um real guardado. Os demais, juntos, somam apenas R$ 2,02 em 16 contas.
Nesta quinta-feira, 24, o sindicato realiza uma assembleia com os trabalhadores a partir das 8 horas, em frente à sede da empresa para orientar a respeito dos próximos passos. Eles decidirão a respeito da ocupação da fábrica, iniciada por funcionários em 13 de maio. Com a falência, o prédio deverá ser lacrado pela Justiça em breve.
As informações são do Estado de São Paulo