A disputa aberta entre os controladores da Usiminas está cada dia mais quente. Uma semana após a dupla vitória do bilionário gaúcho Lírio Parisotto, acionista minoritário da siderúrgica, que conseguiu se eleger e conduzir o advogado Marcelo Gasparino à presidência do Conselho de Administração, uma nova fagulha foi desprendida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e aumentou a temperatura entre a japonesa Nippon Steel e a ítalo-argentina Ternium. O xerife do mercado de capitais decidiu que o negócio de compra e venda de ações entre a Previ e a Ternium foi irregular.
Em outubro do ano passado, os ítalo-argentinos adquiriram por R$ 617 milhões a participação de 5% que o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil detinha na Usiminas. Segundo a CVM, o movimento provocou um aumento nas cotações de todas as ações ordinárias, o que exigiria uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), que permite aos demais acionistas o direito de elevar ou não suas participações. A CVM concedeu 60 dias para que a Ternium faça o registro do pedido da OPA para os acionistas minoritários. Na teoria, o preço a ser pago deveria ser de R$ 12 por ação, com base no que foi negociado na operação com a Previ, menos um desconto de 20%, o que daria R$ 9,60 por papel, esse valor representa menos da metade do preço atual, de R$ 19,15.
Apesar de parecer uma má notícia ao investidor, a CVM exige que a oferta seja feita a um preço justo, o que ainda será definido antes da concretização da OPA. A interpretação do mercado de que esse preço justo poderia ser igual ou maior que a cotação atual fez as ações subirem 14% na quarta-feira 15. A Ternium informou que vai recorrer da decisão. Como o desfecho desse embate está indefinido, Ricardo Kim, analista-chefe da XP, acredita que ainda é cedo para discutir detalhes da OPA. No entanto, afirma que os maiores beneficiados serão os minoritários. O risco é de que o processo prometido pela Ternium se arraste e a ação comece a se desvalorizar.
Quem comprar agora de olho nessa disputa pode amargar um prejuízo. Essa não é a primeira vez que a Usiminas se vê envolvida numa pendenga relacionada a OPA. Processo semelhante foi aberto na CVM e no Cade, no início do ano, pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamim Steinbruch. A CSN, uma das principais detentoras de ações da Usiminas, questiona a entrada da Ternium no bloco de controle. A empresa adquiriu, em novembro de 2011, da Votorantim e da Camargo Corrêa, ações equivalentes a 43,3% do capital da siderúrgica. Esse caso ainda está aberto.
Fonte: Isto É Dinheiro