O problema da Samsung no mercado de smartphones pode ser resumido a partir de uma frase retirada do balanço financeiro mais recente da empresa: “demanda mais suave”. As pessoas apenas não estão mais comprando tantos smartphones quanto antes, e em 2016 estarão menos inclinadas a fazer isso quando um novo modelo for anunciado.
E esse não é um problema exclusivo da Samsung. A Apple também está sentindo a pressão: o CEO Tim Cook revelou semana passada que as vendas de iPhone devem cair no próximo trimestre. Ou seja, esse deverá ser um tema bastante comum entre as fabricantes na temporada.
Mas então por que as empresas estão esperando uma queda nas vendas de novos smartphones e o que elas podem fazer para mudar isso? Como a Samsung e outras fabricantes podem animar os consumidores a comprar mais um celular top de linha?
O melhor já está aqui
Vamos ser claros: os Galaxy S6 e S6 Edge, da Samsung, são dois dos melhores aparelhos do mercado. São uma combinação e tanto de design moderno, ótimas funcionalidades de câmeras e atrativos exclusivos como o Samsung Pay.
O lance é que talvez não existe uma razão para fazer o upgrade se o Galaxy S6 já for o seu companheiro diário, por exemplo. Na verdade, se os mais recentes rumores sobre o Galaxy S7 forem reais, as principais melhorias do modelo novo serão um aumento na bateria e recursos no estilo 3D Touch. Ou seja, nada que grite: “Eu preciso ter isso!”.
O mesmo vale para LG, Motorola e até mesmo a Sony: essas empresas já colocaram seus melhores esforços nos seus modelos atuais. Você pode ir com a LG por uma câmera e tanto, com a Motorola para o melhor custo benefício ou com a Sony se quiser algo diferente, como uma tela 4K de 5,5 polegadas.
Mas quanto essas empresas podem evoluir se já entregaram tanto? Melhorias menores no desempenho de hardware e um design mais fino não são mais incentivo suficiente para alguém largar um smartphone perfeitamente bom e comprar outro.
Você provavelmente nem precisa de um top de linha
Uma seleção estelar de ótimos aparelhos intermediários também está tirando a atenção dos top de linha das empresas – e isso certamente pode prejudicar as vendas dos aparelhos de margens altas que geram mais barulho.
Em 2016, não é preciso gastar milhares de reais (ou centenas de dólares) por um celular que te ajude neste ano. É possível ter aparelhos interessantes como os oferecidos pela Motorola no país, casos do Moto G e Moto X (com diferentes preços).
Então, se a Samsung está em busca de altas margens de lucro para ajudar seu quadro financeiro, não vai encontrá-las no ambiente atual – pelo menos não neste ano.
Uma empresa como a Apple pode mudar seu foco para outras partes do negócio de aparelhos porque não uma grande competição para se preocupar – em termos de participação de mercado, o iOS é uma categoria por conta própria. Mas a Samsung está lutando contra outros grandes nomes do Android, como a Motorola (com a Lenovo por trás) e a Huawei.
A Samsung não pode arriscar seu lugar como número um com um aparelho abaixo das expectativas. Por isso, precisa inovar.
Mas o que é inovação?
Há uma grande chance de que você já tenha um ótimo hardware no seu bolso. Então o que uma fabricante pode fazer para te convencer a gastar mais dinheiro em outro upgrade? O NextBit Robin é um ótimo exemplo de como uma empresa pode se diferenciar ao oferecer soluções simples e inteligentes para problemas comuns.
A versão Robin do Android vai fazer backup na nuvem de aplicativos e outros tipos de arquivos que você não usa tanto, e armazená-los até que esteja pronto para acessá-los novamente. Isso vai ajudar a garantir que a quantidade mínima de armazenamento que você possui não fique ocupada por arquivos e pastas que não sejam usados sempre. Além disso, o design angular e mais estreito do Robin é uma alternativa legal aos corpos de metal em alta no mercado atual. É bom ver algo completamente diferente, e o Robin oferece um design surpreendente.
O Robin nos diz que para fazer os consumidores voltarem a prestar atenção, você precisa oferecer algo novo e significativo, algo que tenha um impacto na real nas vidas mobile deles. A abordagem do Robin sobre a nuvem é nova e interessante, mas outras fabricantes podem fazer o mesmo (e se dar bem) ao virarem para o software em busca de renovação.
Software é o novo hardware
Os rumores mais novos apontam que a LG está preparando um novo top de linha com duas telas. Enquanto isso, a Samsung deve lançar uma tela sensível à pressão para o Galaxy S7. As duas telas podem soar inovadoras em uma coletiva de imprensa, mas dificilmente vão mexer com as emoções dos consumidores, menos ainda impulsionar uma onda de upgrades.
Mas então o que você faz quando acabam os “truques” de hardware? Você se vira para o software, e foca em reduzir todos os pontos de fricção e problemas de simplesmente ter um smartphone.
A Samsung, a LG, a Motorola e todos os outros fabricantes precisam focar em recursos de software que ajudem os usuários de maneiras profundas, surpreendentes e significativas.
Por exemplo, a Samsung poderia começar ao renovar completamente a interface TouchWiz, literalmente jogando tudo fora e nos chocando com um novo visual e funcionalidades. Imagine o impacto disso em um anúncio no Mobile World Congress, que acontece em fevereiro em Barcelona.
Atualmente, apenas mostrar um sensor de câmera melhor, materiais de produção um pouco melhores, e um processador mais rápido simplesmente não são coisas que fazem o usuário correr para fazer o upgrade.
Todas as outras empresas podiam seguir o mesmo caminho ao eliminar todos os bloatware horríveis e add-ons estranhos para câmeras, optando, em vez disso, por recursos que realmente ajudem os usuários.
Os usuários sempre reclamam que seus celulares não duram até o fim do dia. Então por que não melhorar os controles de bateria de uma maneira que realmente tenha mais impacto? Precisamos de algo que o Android Marshmallow já oferece, mas de um modo mais refinado, poderoso e ressonante com a experiência dos usuários. Em vez de precisar abrir o painel de Ajustes, as opções de otimização de bateria deveriam ser diretas, fáceis de encontrar e simples de entender.
Isso iria alavancar algo que o Android já oferece, enquanto também coloca um fabricante nos holofotes por melhorar o departamento “amigável ao usuário” do Google.
Com o MWC 2016 a caminho, será interessante ver o que os fabricantes Android vão anunciar em suas tentativas de nos convencer a comprar outro smartphone quando já temos produtos tão bons nos nossos bolsos.
Infelizmente, duvido que veremos o mesmo nível de lançamentos do ano passado. Em 2015, todo aparelho top de linha realmente parecia ser o melhor produto que a companhia era capaz de fazer.
Neste ano, as melhorias adicionais não devem impulsionar as vendas de smartphones, ainda mais com o dólar alto em todo o mundo e economias emergentes em crise, como Brasil e Rússia. Por isso, esperamos que as fabricantes apareçam com algo novo de verdade antes que os usuários comecem a perder o interesse.
Fonte: IDG Now!