Resumo
O trabalho com projetos transdisciplinares conota, aos professores, um espaço de análise de suas próprias práticas constituindo uma forma de treinamento eficaz. Ao explicitar e analisar seus fazeres, os docentes interiorizam posturas, procedimentos, questionamentos que culminam em um coletivo forte em nível de instituição, facilitando a definição de necessidades de formação conectas a um projeto comum. “Aprender não é aquisição de algo que está lá, é uma transformação em coexistência com o outro” (NICOLESCU, 2.000, p.88). O maior conhecimento vem da troca de experiências e conhecimentos, o complemento e atividades do trabalho em grupo, de atores no mesmo espaço. Uma metodologia é, portanto, uma adaptação, à realidade dos projetos da Instituição de Ensino, tanto das propostas pela literatura como daquelas vivenciadas pelos profissionais do ensino.
Palavras-Chave: Gestão do Conhecimento; Metodologia; Gestão de Projetos; Transdisciplinaridade.
INTRODUÇÃO
É de fundamental importância criar estruturas para que a Instituição de Ensino Superior se aproprie dos conhecimentos tácitos de seus professores e transforme-os em inovações, refletindo diretamente em benefícios aos alunos e a sociedade. Além de, propiciar suporte teórico-prático que possibilite a análise da ação pedagógica sobre a perspectiva de gestão de projetos, dentro de um enfoque inter e transdisciplinar.
A educação Profissional está organizada dentro de um Sistema que interage com outros vários e diferentes Sistemas. O modelo Sistêmico de agir e pensar valoriza estas interações e congruências, sendo que cada nível e disciplina tem o seu grau de valor e importância.
Ademais, houve uma quebra de paradigmas, onde as Instituições de Ensino frente às características do mundo de trabalho atual, precisam readaptar sua grade curricular às exigências pragmáticas do mercado, sendo que, o foco nos resultados tornou-se a vantagem competitiva a ser conquistada dia-a-dia. Por outro lado, o significado e as exigências da formação de profissional da educação supõem o entendimento do que seja profissão e do que seja a formação para e na atuação profissional. Segundo Marques a profissão em sua qualidade de esfera cultural de valores, exige que o “potencial cognitivo-instrumental desenvolvido pelas ciências específicas passe efetivamente à prática educativa cotidiana dos profissionais da educação entre si e com os interlocutores de seus serviços, respeitadas as condições de validez prático-morais e prático-estéticas”(Marques, 1996). Cabe ressaltar que, este é o grande desafio da educação profissional, formar, preparar, educar Professores aptos, criativos e inovadores que construam conhecimentos aplicados em situação real de trabalho, utilizando os conceitos básicos em Gestão de Projetos. Além de, desenvolver o reconhecimento diante das limitações dos próprios saberes na utilização de uma metodologia de gestão de projetos para executar as tarefas propostas. Atuar transdisciplinarmente (Quadro I – Gestão Transdisciplinar) é observar a realidade constituída na interseção dos conhecimentos das disciplinas.
Quadro I – Gestão Transdisciplinar (elaborado pela autora)
Diante do exposto, demonstrar a funcionalidade da metodologia estruturada no gerenciamento de projetos, objetivando disseminar o conceito e relevância da disciplina Gestão de Projetos apresenta-se como uma estratégia para inovar e envolver os Professores e Lideranças promovendo uma prática coesa orientada a resultados mais padronizados, fortalecidos por processos bem definidos e principalmente pela troca de conhecimento entre as disciplinas e os respectivos professores.
Considerando que, segundo Kuenzer (2.000): “A transdisciplinaridade só será possível se for planejada em nível institucional sendo parte integrante do projeto políticopedagógico”, a criação de momentos de partilha de saberes por meio de trabalhos com projetos seria uma forma de superação do modelo escolar existente.
E, neste cenário cultural, influenciados pela estrutura organizacional dizer para uma Instituição de Ensino que ela necessita de uma nova metodologia de trabalho, com uma nova estrutura para gerenciar seus projetos, na compreensão da unidade e não da fragmentação das disciplinas, é um tanto quanto desafiador. Ademais, a estratégia de um Projeto passa a ter um papel-chave impulsionando a aprendizagem de como se transformar com a mudança influenciando e moldando o processo quando possível, mas estando sensível a ideia de que, em tempos de mudanças, novas formas de organização do sistema precisam ter liberdade para emergir (MORGAN, 1996).
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Segundo Kerzner (2001), o alcance da excelência em gerenciamento de projetos não é possível sem um processo repetitivo que possa ser utilizado em cada projeto. Esse processo repetitivo é a metodologia de gerenciamento de projetos. Para Charvat (2003), “uma metodologia” é um conjunto de orientações e princípios que podem ser adaptados e aplicados em uma situação específica. Em ambiente de projetos essa orientação é uma lista de tarefas e atividades a fazer. Destarte, uma metodologia de gerenciamento de projetos é um conjunto de processos, métodos e ferramentas para o alcance dos objetivos do projeto. Disseminar este conhecimento é o grande desafio, para que a Instituição de Ensino aprenda com a própria experiência provocando uma mudança de cenário, com a criação da necessidade de políticas que digam respeito à formação constante do profissional da educação, instigando professores a serem pesquisadores que reflitam sobre as suas próprias práticas na combinação e disseminação do conhecimento. O ideal da transdisciplinaridade procura ser um movimento maior do que uma simples metodologia de gerenciamento de projetos, constituindo-se em defesa de uma nova forma de atuar e encarar o aprender e o fazer. Enaltece princípios como a diversidade, o comportamento ético, a integração, a não linearidade, a forma sistêmica de ver e perceber o mundo, enfim, a compreensão de que os meios são importantes e que os produtos são apenas etapas de um processo que exige uma visão, atitude e práxis transdisciplinar.
Não se trata de negação da necessidade de especialização, mas o entendimento de que todos no processo produtivo são pessoas inseridas numa sociedade complexa e multifacetada, que demanda um novo modelo de trabalho.
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