Com menos dinheiro disponível para contratações e promoções, projetos e planos de carreira passam a ganhar mais destaque nas negociações entre empresas e profissionais.
Mesmo assim, ainda há muita gente que insiste em dar importância apenas ao salário na hora de pensar em mudança de emprego, segundo Caroline Cadorin, diretora da Hays Experts.
“Fazer a avaliação com base só na questão financeira é um dos fatores mais comuns em que erram os profissionais”, diz ela. O risco de decepção em pouco tempo é grande quando a atividade diária e/ou combinação entre valores e cultura são deixados de lado na tomada de decisão.
Esse cenário é comum em mudanças que poderiam ser consideradas verdadeiras fugas de emprego. Ou seja, ao identificar um problema ou um conflito, o profissional não procura solução mas, sim, evasão.
“Por exemplo, surge um conflito com gestor, uma dificuldade de relacionamento, e, ao invés de tentar resolver, a pessoa vai fugir da situação e procurar outro emprego”, explica Caroline. Em casos assim, é comum a falta de análise e re reflexão sobre os seguintes aspectos, que devem nortear, de fato, uma mudança de emprego.
1. Motivação
O que está levando você embora? Segundo Caroline, responder essa pergunta é o primeiro passo. Insatisfação com as atividades, a falta de aprendizado, o encerramento de ciclos e até mesmo o salário podem estar entre os motivos. Não há certo e errado quando se trata de vontade de mudar.
Depois de respondida a questão e, caso não haja solução no emprego atual, a pergunta que surge é: para onde eu vou? “ A mudança de emprego deve ser muito bem pensada”, diz Caroline.
2. Momento do setor
Cada setor está sendo afetado de um jeito pela crise. Como é na sua área de atuação? O momento é de contratações ou as empresas estão demitindo? De acordo com Caroline, entender o panorama do setor também é importante para tomar uma boa decisão.
3. Momento e perfil da empresa
A empresa para onde você deseja ir permitirá seu próximo passo na carreira? Como ela está inserida no contexto econômico do país? Mesmo bem estruturada e posicionada no mercado, diz Caroline, a empresa pode não comungar dos mesmos valores que você e isso é terrível para a satisfação profissional.
4. Ambiente de trabalho e benefícios
Vale pesquisar em sites como o Love Mondays o que dizem os funcionários que trabalham para a empresa que é o seu alvo. De acordo com a diretora da Hays, essas plataformas podem indicar como os profissionais enxergam as oportunidades de carreira oferecidas pela companhia, como anda a satisfação nesse ambiente e quais as chances reais de aprendizado.
Essas informações e percepções também podem ser colhidas no mercado, conversando com algum colega que já trabalhe para a empresa, por exemplo. Além disso, perguntas e informações dadas durante o próprio processo seletivo já podem indicar aspectos da cultura da empresa. Segundo Rafael Souto, presidente da Produtive, disse em um dos vídeos de carreira, a maneira como é feita a seleção e o discurso do gestor são itens que podem trazer indicativos importantes.
5. Ansiedade
Caroline diz que a ansiedade é uma grande inimiga na busca por uma nova oportunidade. Quanto mais ansioso pela mudança, menos criterioso na tomada de decisão. Por isso, não deixe de refletir também sobre o impacto desse sentimento antes de bater o martelo e pedir demissão.
O artigo foi escrito por Camila Pati e publicado na Exame