Parte da safrinha de milho vendida de forma antecipada para exportação, em negócios fechados ainda no ano passado, poderá ficar no Brasil para abastecer as indústrias de carne de frango e suína. Com o descolamento entre os preços praticados no Exterior e no mercado interno, tende a crescer o movimento de cancelamento de contratos externos – chamado de “wash out”. Isso porque, em algumas regiões, compensa pagar as multas de não cumprimento e vender o grão no país.
Estimada em 50 milhões de toneladas, a safrinha brasileira começou a ser colhida no Centro-Oeste e no Paraná – que têm na segunda safra o maior volume produzido no ano. Do total previsto, estima-se que cerca de 14 milhões de toneladas tenham sido vendidas antecipadamente por produtores dessas regiões até o final do ano passado.
– O dólar estava muito favorável à exportação naquele período, e o preço estável no mercado interno. Isso estimulou os agricultores a fecharem contratos futuros – lembra Dadier Zamberlan, consultor sênior de gerenciamento de risco da INTL FCStone.
Na época, a saca de milho na região de Sorriso e Sinop, em Mato Grosso, foi vendida entre R$ 16 e R$ 22. Hoje, granjeiros chegam a ofertar quase R$ 50 na região para abastecer criações de animais. Essa diferença de preço é suficiente para cobrir multas contratuais e, ainda, sair lucrando.
O movimento é impulsionado por trades e também por produtores. No casos das empresas, os contratos já firmados são garantidos com o redirecionamento de grãos de outros mercados, como o argentino e o americano.
– Quando uma trade vende o grão, não define a origem da produção. O compromisso é de apenas entregar o produto – explica Indio Brasil dos Santos, sócio da Solo Corretora.
Há sinais no mercado de que agricultores de médio e grande portes, que também venderam o milho antecipadamente a preços mais baratos do que os atuais, também não cumprirão os contratos. Se confirmada no percentual estimado, em torno de 30% dos negócios antecipados, a prática de “wash out” beneficiará indústrias brasileiras de carnes – que desde o começo do ano acumulam prejuízos devido à disparada do preço do cereal
O receio é a insegurança que isso poderá provocar no mercado.
As informações são do site Zero Hora Campo e Lavoura