Por Yoshio Kawakami
Todos vamos às universidades em busca do saber que define nosso campo de atuação profissional. Esta decisão tem que ser tomada quando temos mínimo conhecimento, para não dizer nenhum do amplo espectro de atividades profissionais existentes.
A sua consulta aos pais (quando ainda há esse interesse) ou aos amigos mais velhos, pode resultar apenas em informações sobre uma atividade profissional em vias de desaparecimento. Que expectativa de vida profissional você tem pela frente? 35 – 40 anos? Pense no quanto o mundo mudou desde 1975. O que você se lembra de então?
Por mera curiosidade, procure no Google o computador pessoal Altair 8800, que usava um processador Intel 8080, utilizava uma linguagem chamada Altair BASIC e que depois virou Microsoft. Imagine a velocidade do desenvolvimento tecnológico da época, considere a velocidade de hoje e projete 2045 ou 2050.
Dizem que a probabilidade de que você venha a trabalhar numa profissão que ainda não existe é elevada. Dizem, também, que para a maioria dos jovens universitários, o conhecimento adquirido no primeiro ano das universidades estará obsoleto já no terceiro ano. O que fazer? Não desistir, ainda, certo? Que estratégia de desenvolvimento de competências e habilidades você poderia adotar?
Já de algum tempo tenho deparado com este dilema em dois diferentes âmbitos. O primeiro deles é o corporativo, onde uma das responsabilidades mais importantes é cuidar do desenvolvimento dos jovens profissionais. O segundo é no âmbito familiar, onde a única orientação aos nossos filhos tem sido de que façam algo de que gostem muito.
Mas em termos práticos, o que você podeira fazer? Em geral as universidades no Brasil não proporcionam uma flexibilidade para aquisição de conhecimento amplo com uma mescla de interesses que cruzem as fronteiras da grade padrão. Alguns encaram cumprir com dois cursos universitários simultâneos mas nem isso garante uma preparação adequada para um futuro tão incerto quanto promissor…
Um alternativa poderia ser a busca de uma formação mais generalista, algo como um curso de Administração de Empresas. Ou até mesmo a busca da Engenharia Mecânica (Há algum curso de engenharia mais generalista que a Mecânica?). Muitas vezes o interesse pessoal e a curiosidade natural de cada um podem ser um fator determinante no estabelecimento de sua área de maior competência. Só depois de estabelecida essa competência, parte-se do geral para o específico.
E aí vem a educação continuada de hoje, quer em forma de Pós-Graduação ou MBA. Ambas opções levam a uma especialização ou um estreitamento da área de conhecimento que muitas vezes só faz sentido quando o profissional já se decidiu por uma área profissional. Muitos jovens, em vários campos, fazem esta escolha prematuramente e acabam mais direcionados profissionalmente pelo conhecimento específico adquirido do que pelas suas próprias escolhas. Nesses casos, tenho recomendado insistir no investimento generalista, talvez na aquisição de um conhecimento maior em Finanças, em Recursos Humanos, etc.
Outra alternativa muito interessante de expansão dos horizontes está nos cursos oferecidos fora do âmbito universitário e voltados para uma preparação mais ampla dos jovens. São cursos que se dedicam a explorar aspectos mais fundamentais do planeta como, por exemplo, a questão da sustentabilidade como alicerce do pensamento para uma sociedade melhor.
Aliada a este tipo de abordagem vem a busca pela redução do “GAP” entre a formação acadêmica e o conjunto de competências e habilidades práticas que permitem aos jovens uma rápida integração à comunidade profissional para, em seguida, iniciarem a sua influência no meio na tentativa de chegar a um novo equilíbrio social e global. Acho que este é o verdadeiro desafio!
Parece-me que esta visão da educação continuada embute um componente de desafio à altura dos jovens das gerações mais recentes e resulta numa complementação de formação que propicia uma confiança e uma segurança maior no desempenho profissional e social. Certamente é uma abordagem altamente compatível com o mundo digital que faz de cada pessoa uma fonte receptora e, ao mesmo tempo, emissora de informações, notícias e idéias.
Muitas outras abordagens ainda estão em seu curso, todas tentando incorporar uma visão cada vez mais abrangente, o que demonstra que o modelo estabelecido está sob questionamento muito sério, acelerado pela crise financeira dos últimos anos.
Uma proposta interessante é que uma preparação de lideranças para um mundo de atividades ainda a serem estabelecidas, profissões a serem criadas, modelos a serem revisados e elaborados, papéis sociais a serem redefinidos, culturas a serem mescladas e cruzadas através de fronteiras políticas virtuais que levam à integração global poderia trilhar um caminho mais abrangente, flexível e, principalmente, ousado na formação dos jovens, nossos futuros líderes.
Esta linha de raciocínio não se aplica apenas aos mais jovens. Também os profissionais já classificados como “seasoned leaders” poderiam buscar fontes de inovação de conceitos que permitam implementar um modelo de gestão que atenda as necessidades e propicie condições para o desenvolvimento destes jovens futuros líderes. Aliás, não seria esta uma condição “sine qua non” para seguirem no seu papel de líder que atualmente exercem?
YK.