Sorocaba torna-se Região Metropolitana num momento de crescimento nos investimentos, tanto na indústria como na educação e tecnologia. A cidade recebeu empresas de grande porte com grandes investimentos, como Toyota e JCB, e investiu na criação do seu Parque Tecnológico.
O crescimento da riqueza e desenvolvimento social traz méritos, como figurar entre os 50 maiores PIBs do país, mas também nos atribui grande responsabilidade junto à comunidade sorocabana e da região.
O economista Thomas Piketty toca num ponto importante sobre as grandes economias mundiais, em seu livro O Capital no Século XXI. Segundo Piketty, o desenvolvimento e enriquecimento dos países não tem garantido uma melhora significativa da população, o contrário, aumentou-se o abismo entre a riqueza e a miséria.
Para engano de muitos, o acesso a mais tecnologia tem sido utilizado como ferramenta de marketing de governos populistas para anunciar a ascensão da classe mais carente, engano esse que faz governos esquecerem de investir nas necessidades mais básicas, como educação, saúde e segurança.
Voltando a falar sobre os riscos e desafios de nossa Região Metropolitana, podemos refletir sobre a tese de Thomas Piketty e fazer uma análise da situação econômica da região versus condição social de seus habitantes. Os investimentos são claros e a melhoria da condição de vida pode ser notada em vários aspectos, como por exemplo, termos a segunda maior ciclovia do país. Mas, a qualidade de vida em saúde, educação e segurança poderia ser melhor?
Existem mais recursos públicos e projetos sociais na nossa região hoje do que existia 10 anos atrás. Porem, não reduzimos a pobreza de maneira significativa. Frequentemente surgem casos de jovens e crianças sendo desviados de suas famílias, indo parar no tráfico, ou alguma outra história triste que não podemos deixar de considerar quando contabilizamos os ganhos e perdas do desenvolvimento da região.
No papel de cidadãos e empresários não podemos, porém, deixar que todos assuntos relacionados a comunidade sejam simplesmente relegados ao poder público, afinal de contas as empresas fazem parte da mesma comunidade. Oportunidades de melhoria da condição social passam pelas mãos de todos nós, empresários e empresas, todos os dias, através de impostos que são pagos no âmbito Estadual e Federal.
A destinação de verbas no âmbito federal e estadual, como Lei Rouanet, PAC Estadual, pode ser realizada por qualquer empresa que tenha imposto de renda e/ou ICMS a recolher, o que manteria muitos recursos na própria região, e o mais importante, podemos identificar o projeto ou região da cidade que queremos atender. Várias empresas já mantém em sua agenda a utilização deste direito, trazendo concertos ao ar livre, peças de teatro e auxilio aos projetos sociais organizados e auditados pelo CMDCA. Mas ainda deixamos quase que a totalidade destes impostos irem para Brasília ou São Paulo, para então serem distribuídos de acordo com a vontade e desejo dos nossos congressistas.
Para ser uma região metropolitana forte, tanta econômica quanto socialmente, precisamos ter uma agenda de crescimento sustentável. Agenda com metas de redução da pobreza, melhoria dos índices de criminalidade e melhoria da qualidade de vida. Tão importante quanto isso, essa agenda precisa ser participativa, abrangendo toda região, com instrumentos de comunicação e divulgação das oportunidades existentes para obtenção de recursos disponíveis, bem como identificação das necessidades prementes de cada bairro, cidade e da região.