Estreitar o relacionamento com os armadores e oferecer um conjunto de serviços logísticos aos clientes são as estratégias adotadas pela Santos Brasil – operadora do Terminal de Contêineres (Tecon) e do Terminal de Exportação de Veículos (TEV), no Porto de Santos – para manter seu desempenho operacional no complexo em meio à atual crise da economia brasileira. Aumento de produtividade é seu outro foco em 2016.
A companhia, instalada na Margem Esquerda do Porto, em Guarujá, não nega que a instabilidade econômica pela qual o País passa afetou os números de ganhos e das projeções internas desde o final de 2014 – apesar de não revelar os índices. Com a redução da demanda portuária, especialmente as importações, um reflexo do câmbio, o diretor comercial da Santos Brasil, Marcos Tourinho, enxerga na diversificação de serviços um caminho rentável.
“Operação portuária não pode ser entendida como uma commodity. Não é igual em todo lugar do mundo. O armador sabe disso, assim como o exportador e o importador”, pondera o executivo. Por essa razão, ele garante que a empresa começou a se preparar para esse período há dois anos e, no último semestre, conseguiu colher os principais resultados do plano.
O acordo com seis novos armadores fez com que a movimentação de contêineres no Tecon crescesse 4,4% no final de 2015. Foi uma vitória diante da recessão econômica e da concorrência no cais santista, onde novos terminais ampliaram a disputa pelas cargas conteinerizadas.
Projeto da Santos Brasil irá aumentar a capacidade anual de movimentação do Terminal de Contêineres
Competitividade
No ano passado, segundo dados oficiais da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), a operadora do Tecon permaneceu na liderança das operações de contêineres no complexo, com 34% de participação. Logo atrás, está a Brasil Terminal Portuário (BTP), com 31%. Realidade diferente de 2014, 17 pontos separavam ambas – a Santos Brasil chegou a 38% e a BTP, a 21%.
“Assim como nos anos anteriores, nosso objetivo não é ser o número um. Queremos proporcionar rentabilidade para gerar valor ao acionista”, garante Tourinho. Nesta perspectiva, a preocupação para este ano é aprimorar os níveis de eficiência obtidos no último ano. Entre eles, está o de bater a média de 110 movimentos por hora (mph) nas operações.
O índice é um indicador de produtividade e representa a quantidade de movimentos feitos por um ou vários portêineres (equipamento que leva contêineres entre o navio e o terminal) a cada 60 minutos, no atendimento a uma embarcação. Em um cargueiro no ano passado, a empresa registrou 200 mph. Quanto maior o número, mais rápida é a operação, o que gera menos custos aos agentes envolvidos.
“Acreditamos que, assim, poderemos captar uma maior parcela do crescimento do Porto”, diz Marcos Tourinho, que vê a redução de gastos – ainda sem envolver o corte de pessoal – como algo natural para o momento. E isso vale não só para as operações portuárias, como também na gestão do terminal, de modo a reduzir as despesas.
Mais investimentos
Outro plano para 2016 é iniciar os estudos de impacto ambiental para que a Santos Brasil possa investir R$ 1,276 bilhão em suas instalações, o que ocorrerá nos próximos quatro anos. O aporte serve como contrapartida da renovação antecipada do contrato de arrendamento da área. As melhorias planejadas vão permitir à unidade ampliar a capacidade operacional anual dos atuais 2 milhões para 2,4 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
O objetivo é executar as obras em etapas para não prejudicar suas atividades e manter, sempre, três berços disponíveis para atracação. No cais, aliás, está uma das principais intervenções: a ampliação dos atuais 980 metros acostáveis para 1.200 metros, prolongando o costado do TEV, que fica ao lado do Tecon.
Fonte: Portos e Navios