A Sem Parar, maior empresa de pagamento eletrônico de pedágios do país, está à venda e pode passar para as mãos de uma companhia americana.
A transação tem potencial para movimentar até R$ 4 bilhões se o grupo estrangeiro FleetCor ficar com 100% do negócio.
Segundo apurou a reportagem, as conversas entre as duas empresas já duram alguns meses e agora estão focadas em definir se todos os sócios da Sem Parar venderão suas participações ou não.
Responsável por movimentar R$ 11 bilhões no ano passado, a Sem Parar pertence à STP, que tem como acionistas a concessionária CCR (com participação de 34,24%); o fundador do negócio, Ivan Toledo (com 31,33%); o fundo americano Capital Group (com 11,41%); a Raízen (joint venture entre Shell e o Grupo Cosan, com 10%); a empresa de tecnologia GSMP (8,34%); e a espanhola Arteris (4,68%).
Segundo um dos sócios da Sem Parar ouvido pela reportagem, não há consenso ainda se todos os acionistas vão se desfazer de suas fatias ou vender apenas uma parte delas. “A CCR está entre os que pretendem se desfazer de sua participação”, disse a fonte.
Não é a primeira vez que a Sem Parar é colocada à venda. Em 2011, o grupo, fundado em 2000, já tinha sido sondado por vários investidores, incluindo fundos de private equity (que compram participações em empresas), entre eles, o americano Advent, e a própria FleetCor, uma das maiores empresas globais de cartões de pagamento de combustíveis, com receita líquida de US$ 1,2 bilhão em 2014.
O que pesou contra a venda, àquela época, foi a mudança regulatória do setor, que teve seu monopólio quebrado em 2013, com a entrada de concorrentes, como a ConectCar, do grupo Ultra, dono da Rede Ipiranga, e Itaú, Auto Expresso DBTrans, que pertence ao grupo FleetCor, e Move Mais.
Uma pessoa com conhecimento no assunto afirmou que a FleetCor não estaria disposta a pagar um múltiplo alto e que suas transações giram entre 10 a 14 vezes o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) das empresas adquiridas. Em 2014, o Ebitda da Sem Parar ficou em R$ 325 milhões. A receita da companhia vem de transações envolvendo pedágios, estacionamentos e postos de gasolina.
Líder no segmento, a Sem Parar é considerada um negócio atraente. Em agosto de 2013, a Raízen adquiriu 10% da empresa e no ano seguinte anunciou um acordo para integrar o serviço de abastecimento da rede de combustíveis Shell com a tag da Sem Parar.
O movimento foi uma resposta à expansão da concorrente ConectCar, que tem os postos Ipiranga como ponto de venda. Também em 2014 a Ecovias vendeu sua fatia na STP para o fundo americano Capital Group.
No ano passado, a receita líquida da STP foi de R$ 744,5 milhões e o lucro líquido de R$ 131 milhões. A empresa opera em 12 Estados e tem 5 milhões de clientes. O negócio também teria atraído a atenção de outra americana, a Wex. Mas as conversas não foram adiante. A empresa não retornou os pedidos de entrevista.
Fontes de mercado afirmam que, se a FleetCor adquirir o controle da Sem Parar, terá de abrir mão da DBTrans. A companhia americana tem olhado o mercado brasileiro com forte interesse. Um dos alvos do grupo foi a companhia de gestão de frota Embratec, do empresário gaúcho Ernesto Corrêa, que na semana passada firmou joint venture com a francesa Edenred, líder mundial em serviços pré-pagos e dona da Ticket.
Mudanças
O negócio de meios de pagamento de cartões eletrônicos por tag no Brasil virou alvo de empresas nos últimos anos. “Essas empresas fazem captura de pagamentos como as companhias de cartões de crédito. Fundos de private equity e instituições financeiras, inclusive, estão de olho nesse negócio”, afirmou o gestor de uma butique de fusões e aquisições.
“Há espaço para crescer e o diferencial será o serviço oferecido e a melhor tecnologia”, disse a fonte, que tem conversado com investidores estrangeiros interessados nesse mercado.
A Move Mais também teria virado alvo de investidores, segundo fontes. Procurada, a empresa disse que a informação não procede.
Para negociar sua venda, a STP contratou o BTG Pactual como assessor financeiro. Procurados, o BTG, a STP e a CCR não comentam o assunto. A FleetCor não retornou os pedidos de entrevista.
Fonte: Revista Exame