São Paulo – Uma nova etapa da revolução industrial está em andamento. Ainda tímida e pouco utilizada pelas empresas do Brasil, a chamada indústria 4.0 desponta como caminho natural para aumentar a competitividade do setor por meio das tecnologias digitais.
A manufatura digital emerge com base na integração das tecnologias físicas e digitais em todas as etapas de desenvolvimento de um produto. A lista de tecnologia consideradas 4.0 englobam o uso de sensores, impressão 3D e a utilização de serviços em nuvem, entre outros.
A indústria 4.0 está mais consolidada no exterior do que no Brasil, o que torna ainda urgente a tarefas das empresas brasileiras de avançar na digitalização. No País, um estudo inédito realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que apenas 48% das empresas industriais do País utilizam pelo menos uma tecnologia digital. A pesquisa foi realizada com 2.225 empresas de todos os portes.
“O Brasil hoje tem um problema muito grande da baixa produtividade da indústria”, afirma Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI. “Os países desenvolvidos já têm as indústrias mais avançadas com essa tecnologia. O Brasil está correndo atrás”, afirma Fonseca.
O relativo atraso do Brasil também fica evidente porque 43% das empresas consultadas pela CNI não identificam quais tecnologias têm potencial para alavancar a competitividade do setor industrial. Nas pequenas empresas, esse porcentual sobe para 57%. Entre as grandes, a fatia recua para 32%.
O uso das tecnologias digitais também permanece limitado porque está mais concentrado no processo e não no desenvolvimento e na concepção de novos modelos de negócios. “Hoje ainda a indústria está muito centrada no controle de processo. Isso é bom porque vai aumentar a competitividade, mas as empresas precisam estar preparadas para essa onda”, afirma Fonseca, da CNI. “Será preciso pensar numa linha mais flexível para atrair novos consumidores, e reduzir o tempo de inovações na linha de produção”, diz.
O levantamento também apurou que as empresas decidem usar as novas tecnologias principalmente para reduzir custos operacionais (54%) e aumentar a produtividade (50%).
Setores – O uso das novas tecnologias varia de acordo com o tamanho das empresas e setores e é maior naqueles com mais intensidade tecnológica. Na indústria de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, por exemplo, 61% das empresas consultadas pela CNI fazem uso de ao menos uma das tecnologias digitais. Entre os setores que mais utilizam as novas tecnologias, também estão máquinas, aparelhos e materiais elétricos (60%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (53%).
Na outra ponta, dos setores que menos utilizam as novas tecnologias, estão equipamentos de transporte (23%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (25%) e no setor de farmoquímicos e farmacêuticos (27%).
Avanço – Por ora, é difícil prever quando a tecnologia 4.0 vai se tornar uma unanimidade na indústria brasileira. A certeza, de acordo com os especialistas, é que o avanço das tecnologia deve tornar sensores e robôs mais baratos ao longo do tempo, o que tende a ajudar na incorporação dessas novas tecnologias pelas empresas. “Um robô que hoje faz uma operação de coluna, superespecial e que custa uma fábula de dinheiro deve se tornar daqui a nove anos uma aparelho do SUS”, afirma Jefferson Gomes, diretor regional do Senai-SC e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). “Essas tecnologias serão facilmente aplicadas no chão de fábrica sem percebermos”, diz Gomes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Luiz Guilherme Gerbelli