São Paulo – Ainda que o futuro seja incerto para o grupo Takata, por conta do defeito no sistema de airbag da fabricante japonesa que levou ao maior recall mundial de veículos, a filial brasileira mantém novos planos, como o de produzir airbags laterais no País. Hoje, produz as bolsas frontais (para motorista e carona) e as de proteção aos joelhos, com boa parte dos itens importados.
Além da unidade de Jundiaí (SP), onde são feitos os airbags, o grupo tem fábrica de cadarços para cintos de segurança em Piçarras (SC), para volantes em Mateus Leme (MG) e para bolsas de airbag no Uruguai.
A Takata pretendia construir uma quinta fábrica, em Pernambuco, para atender a Fiat Chrysler, mas o projeto está congelado. “Fornecemos airbags para o jipe Renegade e a picape Toro”, informa Airton Evangelista, presidente da Takata do Brasil.
Segundo ele, nos dias de hoje, mais do que o recall gigante, o que prejudica os negócios da filial brasileira é a crise econômica e política, que levou à queda das vendas de veículos.
O grupo se preparava para produzir anualmente 6 milhões de airbags a partir de 2014, mas neste ano deverá fabricar no máximo 3,5 milhões em razão da queda na demanda.
“Apesar disso, fizemos poucos cortes de pessoal”, diz o executivo. As quatro fábricas empregam 2,4 mil funcionários, 100 a menos que há dois anos.
O problema financeiro enfrentado pela matriz não afetou a subsidiária. “Nossas contas estão equilibradas; não recebemos dinheiro de fora nem mandamos dinheiro para lá”, afirma Evangelista. A empresa fatura cerca de US$ 300 milhões ao ano e não acredita que será convocada a ajudar em eventual socorro à matriz.
Evangelista afirma que o problema da explosão inadequada dos airbags afeta principalmente veículos mais antigos, produzidos entre 2001 e 2004. Segundo ele, a Takata deflagra semanalmente, para testes, 5 mil airbags recolhidos no mercado e os problemas se concentram nos produtos mais velhos, que sofreram desgaste com o tempo.
Nos últimos anos a empresa alterou a forma de uso do nitrato de amônia e, depois, introduziu um produto para evitar a umidade que afeta a amônia.
“O que está matando as pessoas não são os novos airbags”, diz. Ele ressalta ainda que muitas consumidores não atendem ao recall. “A última pessoa que morreu nos EUA tinha recebido cinco cartas e não fez a troca.”
O chefe do Departamento de Marketing da ESPM, Marcelo Pontes, diz que uma das maneiras de uma empresa que passa por esse problema não ter a imagem prejudicada é não mascarar o defeito, não arrumar desculpas e ser sincero. “Tem de assumir o problema e resolvê-lo de maneira rápida e eficiente”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.