O chamado “Gap entre gerações” sempre existiu e sempre foi um obstáculo adicional nas relações profissionais. Mesmo com a atual geração “Y”, muito mais descolada e independente, esta distância entre gerações continua sendo uma barreira.
E aí, como fazer para criar conexões profissionais de sucesso?
Uma das fases mais críticas para os jovens é a da sua iniciação no mundo profissional. A sua entrada deveria ser natural, com interesse das empresas na aquisição de jovens profissionais abrindo portas para os jovens recém formados ou ainda com poucos anos de experiência.
Ocorre que nem sempre na região, na cidade, no setor desejado ou até mesmo nas empresas desejadas, existe um equilíbrio entre a demanda e a oferta, o que acaba criando um grupo de “excedentes”.
Nestas circunstâncias, o que seleciona e define os “escolhidos” pela empresa ou pela organização desejada? Já pararam para pensar neste processo? O lado curioso e ao mesmo tempo cruel deste processo está no critério que é muitas vezes o divisor de águas no processo de seleção.
Não é o conhecimento técnico adquirido na escola e nem a performance escolar que muitas vezes determina o escolhido. Parece-me que prevalece no mundo todo um fator alheio ao processo de formação dos jovens. É a capacidade de mimetizar a comunicação e o comportamento dos adultos mais experientes e mais velhos num ambiente ainda desconhecido ou pouco conhecido.
Embora você possa achar que o processo é pouco justo, ou no mínimo estranho às suas crenças sobre competências e conhecimentos, os processos seletivos estão mais próximos desta avalização da sua prefiguração como profissional. De que tratam os exercícios seletivos, como as entrevistas e as conhecidas dinâmicas de grupo, senão de avaliar a projeção do seu comportamento no futuro ambiente de trabalho?
Um dado que corrobora esta ideia de que possivelmente a sua capacidade de emular um profissional mais experiente no ambiente de trabalho é uma vantagem significativa está em diversas publicações recentes sobre a entrada da geração “Y” no mercado de trabalho.
Com toda informação disponível e com a democratização dos cursos superiores, aceita-se a idéia de que a formação é garantia de acesso a melhores oportunidades profissionais. No entanto observa-se que os jovens oriundos de famílias já envolvidas com negócios e com o ambiente corporativo parecem possuir uma vantagem adicional na busca de oportunidades profissionais.
Esta maior capacidade de competir é representada de forma significativa pela familiaridade que possui com o comportamento dos profissionais estabelecidos. Ao mimetizar melhor o comportamento e a linguagem usual do ambiente de trabalho, correspondem melhor às expectativas dos selecionadores.
Uma vez mais estamos discutindo o valor da comunicação e do relacionamento, que contribuem de forma indireta, porém valiosa.
Uma recomendação aos jovens poderia ser de “verticalizar” mais as sua relações, estabelecendo contatos com pessoas de gerações anteriores. Tanto para familiarizarem-se com a linguagem e com o comportamento destas pessoas, como para estabelecerem fontes de informações e contatos práticos, que nunca são escritos ou divulgados.
Neste aspecto, as relações da família com outras famílias, círculos sociais mais amplos, relações profissionais, contatos comerciais e outros contatos tendem a ser muito valiosos, embora pouco reconhecidos pelos jovens. Os pais mais conscientes destas conexões, já estimulam o envolvimento dos jovens com estes contatos do mundo profissional.
A relação horizontal, dentro da sua faixa de idade é algo natural, proveniente das amizades e dos interesses comuns, não havendo muita necessidade de um exercício específico. Já uma relação vertical, além da sua faixa de idade requer um exercício de frequentar os ambientes e as ocasiões adequadas.
Creio que a receita vale para todos nós no desenvolvimento das nossas carreiras e dos nossos interesses profissionais e pessoais, mas no momento crítico da iniciação profissional, vale muito para os mais jovens.
Grato, YK