Sempre nessa época do ano, o Google relembra que investir nele representa o mais longo dos jogos duradouros.
Na semana passada, a conferência I/O não foi uma exceção. O Google abriu o evento de dois dias na quinta-feira com uma palestra sobre suas últimas inovações, como a mais nova versão do software Android, junto com o sistema de pagamentos via celular revisado, um novo serviço de fotos e um pouquinho de seus mais recentes avanços em realidade virtual.
Se os investidores estão buscando por um elemento comum, ele seria que o Google permanece quase imbatível em sua capacidade de levar sua proeza de computação sofisticada para as massas. Veja o Google Photos, um novo aplicativo para celular e desktop que analisa fotografias e vídeos e os organiza sem exigir que o usuário faça qualquer anotação. O serviço também oferece armazenamento ilimitado, mesmo para imagens com alta resolução. E é grátis — sem falar que está disponível na plataforma iOS, da rival Apple.
Isso leva para o segundo elemento comum: a maioria dos mais recentes produtos não será geradora de renda por enquanto.
A Apple e a Microsoft normalmente usam seus eventos de desenvolvimento para revelar produtos que vêm com a etiqueta de preços. O Google, ao contrário, tende a usar seus encontros para mostrar coisas interessantes criadas pelos seus mais de 55 mil funcionários, mas que frequentemente não possuem um modelo de negócio claro.
Isso anima os desenvolvedores, mas não muitos os investidores. Nos últimos cinco anos, as ações do Google caíram em média 1% no mês anterior à conferência I/O e subiram 2% no mês posterior. Elas caíram 1% na sexta-feira. E os investidores têm estado mais pessimistas com o Google por enquanto: as ações subiram 25% nos últimos dois anos, ante 46% do índice Nasdaq Composite. O Google atualmente é negociado com um desconto de 15% em relação ao Nasdaq considerando um múltiplo de ganhos futuros.
Ainda assim, o Google me lembrou na quinta-feira que ele conquistou uma escala impressionante no mundo digital. Sundar Pichai, vice-diretor superintendente sênior de produtos, disse que cinco dos produtos da empresa agora já possuem mais de um bilhão de usuários cada um, com o Gmail quase atingindo essa marca. E o Android deve ser responsável por quase 80% dos smartphones vendidos globalmente este ano, segundo o IDC.
A maioria desses produtos ajuda a prender os usuários a um ecossistema que alimenta um negócio de publicidade de US$ 60 bilhões por ano que ainda cresce a taxas de dois dígitos. O fato de os investidores permanecerem impassíveis provavelmente reflete dúvidas de como balancear a posição dominante do Google com os bilhões que ele gasta em formas incomuns para manter essa liderança. Transmitir essa mensagem é o um código que o Google ainda não decifrou.
Fonte: The Wall Street Journal