Um dos objetivos mais comuns na vida corporativa é galgar posições de maior relevância dentro da empresa. Os atrativos ao ser promovido são muito claros para todos… melhor remuneração, mais poder, visibilidade no mercado, participações em atividades interessantes, eventos sociais e de negócios, viagens internacionais, etc.
Muitas vezes as pessoas perguntam o que deveriam fazer para conseguirem o seu intento e como deveriam agir no ambiente de trabalho.
Mas parece-me que há duas regras ou crenças adotadas, em geral, como importantes para atingir esse objetivo:
Como ser promovido?
a) Boa relação com os superiores e boa aceitação pelos colegas, ser enfim um praticante da política de boa vizinhança, principalmente com os chefes.
b) Ter bons resultados no seu trabalho, ser melhor que os colegas na mesma função… Demonstrar que trabalha duramente.
Não há dúvidas de que esses fatores contam um pouco mais que outros na busca da promoção para um cargo superior. Mas muitas vezes as pessoas não percebem que há outros fatores, talvez mais circunstanciais numa promoção. Tal aspecto circunstancial pode na realidade ser o fator sorte ou fator “hora certa, lugar certo” nas nossas vidas.
Mas há, entre outros motivadores que criam as oportunidades de evolução na carreira, alguns que precisam ser considerados, para aumentar as suas chances e para compreender o quebra-cabeças que muitas vezes não parece ter qualquer lógica ou racionalidade. Esta falta de compreensão faz o fato parecer uma preferência pessoal, valorização da amizade, etc.
Que objetivo você imagina que existe por trás da última promoção que você ou com o seu colega obteve? Você tem certeza de que foi apenas um justo reconhecimento à sua competência e ao seu resultado anterior?
Vamos considerar alguns aspectos
– Que fatores de performance contaram para a sua última promoção?
– Que fatores de “sorte” foram benéficos para a sua promoção?
– Que outros fatores pesaram? Amizade, bom relacionamento, etc?
Para não complicar muito, vamos pensar apenas sobre os fatores lícitos e legais, certo. Mas podem haver outros, menos populares e menos frequentes (tem gente que faz qualquer coisa nesta vida.).
Essa análise é importante para seguir adiante na vida corporativa, a menos que no seu caso não exista mais interesse por qualquer promoção. Quem sabe você possa posicionar-se melhor para a próxima etapa? Ou pelo menos você possa compreender melhor se não for a “bola da vez”?
A sua performance é mesmo tão espetacular que os seus superiores sentiram-se na obrigação de promovê-lo como um mínimo reconhecimento do seu trabalho? Ou é apenas a melhor do seu grupo? Ou quem sabe nem tenha sido assim tão exuberante, mas enfim…
Na verdade, não importa se foi ou não uma performance espetacular. Só não deve ter sido ruim, do contrário atrapalharia o seu reconhecimento. Então, o que de fato contou?
Poderia ter sido sua amizade ou boa relação com os superiores? Engraçado, normalmente as pessoas podem até não terem bom relacionamento com seus colegas, mas com os superiores o relacionamento é quase sempre muito bom!
Será que você deu sorte? “Hora certa, lugar certo”? Mas sempre há outras pessoas no pedaço, e se não houver, a empresa busca no mercado, certo? Mas com certeza você teve alguma sorte, ou muita sorte e pode não ter percebido…
Mas vamos considerar alguns aspectos menos considerados pelas pessoas e que impactam fortemente este processo de promoção.
Um ponto importante é que muitas pessoas não gostam de mudanças na organização, mudanças nos processos, etc…Mas são as mudanças das mais diversas espécies que criam oportunidades! Se há uma reorganização na empresa, se estão implementando novos processos ou se é necessário corresponder a uma nova política da empresa, haverá oportunidades…Estar atento ao que ocorre no mundo e preparar-se para uma possível mudança pode fazer uma grande diferença…
Se nada muda, só mesmo a morte do seu chefe pode criar uma nova oportunidade.
Quando uma empresa resolve (na realidade necessita) internacionalizar as suas atividades, quem estaria em condições melhores? Se a empresa resolve instalar uma nova unidade fabril, quem está apto e disposto?
Se a estrutura da empresa está “velha”, necessitando de “injeção de sangue novo”, haverá oportunidades, pelo menos para aqueles que estejam preparados, estejam na faixa de idade adequada, etc… Pode ser que você esteja numa faixa de idade que não terá oportunidades? De fato, se a sua idade for muito próxima dos que saem, não valerá a pena nomeá-lo, pois a empresa terá que fazer novas mudanças em pouco tempo…
Se a empresa resolve entrar num novo negócio, com algum risco e necessidade de muita criatividade, você teria as melhores características para este tipo de empreendimento? E você estaria disposto ao risco pessoal para tentar? Para posições seguras e sem grandes sacrifícios, o número de concorrentes é muito maior…
Além destes aspectos de performance e adequação, existe um outro fator importante que deveria ser parte da sua análise pessoal. Você sabe qual o problema ou a situação que a empresa está necessitando resolver? Você representa a melhor solução para a empresa? Ah, se é importante saber quais são os problemas da empresa e o que seus superiores gostariam de ter como solução? É claro, mas eles não falam disso para você, certo?
E não falam para ninguém muitas vezes… Por isso às vezes aparecem algumas mudanças inesperadas… Acostume-se a pensar que se a mudança parece inesperada para você, é porque você não tinha compreendido a situação plenamente… Você não deveria ter mapeado a oportunidade em tempo para realizar alguma preparação?
Quando a sociedade mostra avanços claros, como por exemplo a crescente participação das mulheres nas empresas e no mercado, você não acha que torna-se importante para a empresa ter mulheres em posições mais elevadas? É claro que se não houver uma mulher preparada e muito competente (afinal, tem que ser inquestionável pelo batalhão de homens), a oportunidade será perdida, mas se houver, nada mais natural, certo? As empresas buscam diversidade como fator de competitividade. O que você tem a oferecer nesta área?
Muitas vezes a oportunidade não está muito relacionada com a sua atual função. Você já viu isso acontecer, certo? Alguém que aparentemente não tem nada a ver com a área toma a oportunidade e surpreende muita gente. A linha direta de sucessão só funciona se você for de fato o próximo da linha e melhor que qualquer outro. Você tinha alguma dúvida a respeito disso?
Certamente existem chefes que reconhecem resultados pontuais ou qualidade pontuais, mas hoje em dia há uma estrutura dentro das empresas e processos que evitam estas preferências e premiam os melhores profissionais de forma mais equilibrada. Apostar apenas no bom relacionamento com o seu chefe pode ser um engano.
Não deixe de fazer a sua leitura do que acontece na sociedade e no mercado. Traduza as tendências em as influências nos negócios da empresa. Interprete a sua própria organização e identifique onde estão as deficiências e quais poderiam ser as soluções.
Planeje o seu desenvolvimento de competências com base no que o mercado demandará e no que a empresa necessitará no futuro. Mantenha-se sempre pronto para a próxima oportunidade. Você só precisa ser a melhor solução para o problema da empresa.
Também pouco ajuda dizer que quer ser promovido num ambiente onde as oportunidades não estão sendo criadas. Mesmo que você tenha tempo de casa, excelente performance e muito desejo, sem a oportunidade concreta, a promoção será muito difícil.
E se as coisas não parecem tão favoráveis, converse com quem você respeita para saber melhor das oportunidades e da sua posição diante delas. Nem sempre é necessário buscar a promoção, pois ela virá se você estiver fazendo a coisa certa.
Normalmente a regra, “se você tem valor para o mercado, então tem valor para a empresa”, é bem válida.