Você já se perguntou se você é um empreendedor? Provavelmente sim, pois é um assunto que vem crescendo como tema de interesse geral no Brasil. Depois de muitos anos de falta de oportunidades reais para empreender, os últimos anos tem sido muito interessantes para quem quer tomar iniciativas para desenvolver negócios e atividades de valor social.
Os jovens já perceberam a oportunidade e manifestam os seus interesses em empreender. Em contatos com jovens universitários e recém-formados, percebo, em ambientes favoráveis, que até 80% deles se manifestam interessados.
Universidades, associações, entidades públicas, empresas privadas, ONG’s e órgãos de comunicação adotaram o tema ou foram criadas em apoio ao empreendedorismo nos últimos anos. Todos debatem sobre quem é empreendedor e quem pode vir a ser um empreendedor.
É fácil identificar um empreendedor a partir do seu sucesso empresarial ou corporativo. O que ainda parece incerto, é a maneira de identificar jovens que possam vir a ser empreendedores.
Ouvi numa entrevista recente na mídia, a pergunta sobre como identificar pessoas que possam vir a ser empreendedoras, e que características essas pessoas deveriam ter. Mais uma vez a resposta foi muito vaga e pouco esclarecedora.
Creio que poderíamos jogar um pouco de luz sobre o que identifica uma pessoa com potencial para ser um empreendedor, seja para ser um empresário ou para ser um empreendedor corporativo.
O que diferencia uma pessoa com este potencial é o “Sentido de Propriedade”. Ouvi este termo pela primeira vez há muitos anos atrás, numa viagem à Venezuela. Num debate com um colega, comentávamos sobre a situação econômica e política na América do Sul, que dificultava e desmotivava qualquer iniciativa de empreendedorismo.
Discutíamos a real motivação que alguém teria para ser um empreendedor, correndo riscos financeiros ou de carreira profissional, mesmo sob condições desfavoráveis. Foi quando o termo “Sentido de Propriedade” surgiu como a motivação fundamental.
O tal termo, “Sentido de Propriedade”, foi cunhado para descrever o desejo inexplicável que algumas pessoas tem de colocar a sua própria marca em tudo que faz. Seriam pessoas para as quais fazer as coisas bem feitas e ter bons resultados, ainda não era suficiente. As coisas teriam que ser identificadas pelas suas mãos que construíram o fato, e pelo estilo com que foram elaboradas.
A satisfação de deixar a sua marca na obra, seria o verdadeiro motivador do espírito empreendedor.
Comentamos sobre a similaridade entre alguém que arrisca o seu capital num empreendimento próprio e um outro que arrisca a sua carreira profissional num empreendimento corporativo.
O empreendedor individual arrisca um valor que pode ter levado anos de trabalho para criar, e nem todo mundo seria atraído para a aventura. O empreendedor corporativo arrisca uma reputação construída ao longo de muitos anos trabalho dedicado. Estes, só alcançam a credibilidade necessária dentro da empresa para empreender, quando o seu potencial de perda já é muito significativo.
Numa grande empresa, quem obtém a permissão para empreender pode estar arriscando uma receita pessoal de R$ 200.000,00, R$ 300.000,00, R$ 500.000,00 ou mais por ano de remuneração, junto com o seu futuro profissional e perdas consequentes. Não é tão fácil ou barato, como alguns leigos poderiam supor. E, quando as coisas não acontecem como esperadas, as consequências acontecem.
Qualquer que seja a área, o “Sentido de Propriedade” é semelhante e a ambição relacionada é muito semelhante. Ela extrapola a questão do retorno financeiro e salta alguns degraus da famosa escala de Maslow. É a vontade de chegar mais rapidamente no alto desta famosa pirâmide que motiva os empreendedores.
O empreendedorismo é uma escolha feita pela pessoa, seja no âmbito empresarial ou corporativo. O termo não deve ser associado apenas ao âmbito empresarial, como muitas vezes acontece, mas sim, identificado com este espírito de “fazer” as coisas acontecerem, em qualquer ambiente.
Este impulso, ou talvez compulsão, em tomar iniciativas para fazer coisas diferentes, de maneiras diferentes, é o elemento a ser observado quando se busca saber se a pessoa tem características para vir a ser um empreendedor.
Assumir riscos, gostar de socializar profissionalmente, aceitar longas horas de dedicação, parecem ser mais consequências ou aspectos derivados do espírito empreendedor que move algumas pessoas.