Assim como em outros setores da economia, a indústria brasileira de ferramentas vem amargando os piores índices de sua história. Segundo dados da ABFA (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas, Abrasivos e Usinagem), em 2015, o setor registrou queda de 11,5% na atividade produtiva, fechou 27.335 postos de trabalho e enfrentou crescimento de 11,42% nos custos de importação das ferramentas de metal duro, fato que decorreu do aumento de 13,28% nos preços das importações desses produtos convertidos em reais, do aumento de 10,54% nos custos operacionais das empresas para a distribuição desses produtos no mercado brasileiro e de aumento de 6,06% nos custos da mão de obra.
Um dos esforços para sobreviver nesse cenário vem sendo a readequação dos modelos de gestão. Essa está sendo uma das apostas da multinacional Gedore, líder na produção de ferramentas profissionais no país, que no Brasil possui uma unidade fabril em São Leopoldo, com cerca de 800 funcionários. A empresa é uma das participantes do Programa Brasil Mais Produtivo, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com parceria do Senai, a Apex-Brasil, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, o Sebrae e BNDES, que se baseia no conceito da Lean Manufacturing, ou seja, modificações rápidas e de baixo custo que auxiliam no aumento da produtividade e consequente elevação da rentabilidade.
Neste mês, foram apresentados os resultados do segundo ciclo piloto do programa. No caso da Gedore, as mudanças ocorreram no setor de produção de chaves de boca (com bitola entre 6 a 17 milímetros) durante as etapas de usinagem e acabamento. A primeira mudança ocorreu na integração dessas etapas, reduzindo as distâncias de movimentação, o tempo de atravessamento do produto, a demora para identificar problemas de qualidade e eliminando estoques intermediários. Outra modificação aplicada foi a elaboração de 18 layouts diferentes do setor para avaliar aquele que permitisse melhor otimização dos recursos. Com o novo modelo, foi possível reduzir em 99% o tempo de produção, em 60% a distância percorrida pela peça para sua confecção e em 24% o tempo padrão do processo.
“Os resultados não são apenas números. Conseguimos incentivar o interesse dos colaboradores, fazendo com que se sentissem mais incluídos no processo de gestão, e a padronização das informações coletadas tornou a fábrica mais organizada”, avalia Milton Santi Pereira, gerente de Produção da Gedore.
Em outubro de 2015, a empresa também implementou as melhorias propostas pelo programa em relação ao tempo de produtividade por funcionário. Como resultado, a produção por hora de atividade aumentou: passou de 138 peças para 225. Na percentagem final, o resultado do setor chegou a nada menos do que 62% a mais de produtividade de uma família de produtos na empresa.