OK. De que se trata? Você já ouviu alguém dizer que fulano faz a diferença, que não é “apenas bom” no que faz? Já parou para pensar um pouco nisso? O que querem dizer com esta afirmação?
Se você é o cara que faz a diferença, você consegue explicar o que você faz que as pessoas apreciam como algo bastante peculiar e difícil de ser imitado? Ou você não sabe o que faz de tão especial, foi golpe de sorte?
Pessoas que fazem a diferença podem ser aquelas que “carregam o piano” e fazem com que as coisas funcionem. São as pessoas que mantém as organizações e sustentam a vantagem competitiva que uma empresa desenvolveu. Sem estas pessoas, com seus processos, suas disciplinas e seus olhares atentos as empresas não seriam confiáveis e consistentes.
Mas um tipo menos comum de pessoas que fazem a diferença são aquelas que apresentam evidências de competência estratégica. São pessoas que antecipam as mudanças da sociedade e do mercado, iniciam movimentos que estabelecem vantagens competitivas determinantes nas empresas, produzem uma execução que vence concorrentes dentro da mesma estratégia.
No primeiro caso, as pessoas que fazem a diferença produzem a competência operacional da empresa mantendo a consistência das coisas positivas. No segundo, são pessoas que fazem a diferença ao produzirem a competência estratégica, mudando o estado das coisas.
Os sinais e as evidências da competência estratégica são mais difíceis de serem identificadas, pois são eventos que não ocorrem com frequência e podem levar anos para serem comprovados por um resultado sólido e duradouro.
Uma visão do negócio que antecipou uma mudança importante no mercado pode ser sinal de uma visão superior, mas ela só pode ser considerada competência estratégica se esta idéia gerar ações inéditas para a empresa, chame-se de inovação ou qualquer outro nome, e estabelecer uma vantagem significativa que outras empresa não conseguem imitar prontamente.
Um exemplo poderia ser de alguém que percebeu a oportunidade de negócio envolvendo a importação de automóveis chineses para o Brasil, onde se acreditava que este tipo de produto não seria aceito. Uma vez implementada com sucesso, esta ideia altera o mercado e faz com que outros tenham que “correr atrás” deste modelo de negócio. Fez a diferença!
Outro exemplo poderia ser de um executivo que adotou um plano de crescimento diante da crise de mercado, que fez com que seus concorrentes suspendessem os investimentos temporariamente, e criou uma vantagem significativa para a empresa.
Em muitos negócios, ser o líder de mercado é a melhor garantia de bons resultados. Ser o segundo ainda permite desfrutar do mercado e obter bons resultados, às vezes melhores do que o próprio líder, se tiver uma clara estratégia de “follower”. Já o terceiro e os outros, normalmente estão mais sujeitos a riscos e são mais suscetíveis às mudanças. Quase nunca ganham muito.
Ser líder pode ter sido apenas uma questão de “timing”, antecipando o mesmo investimento que se fosse realizado mais tarde, proporcionaria na melhor hipótese o segundo ou o terceiro lugar no mercado.
Muitas vezes quem “faz a diferença” estabelece a posição de líder num novo nicho ou num novo segmento de mercado e obtém uma grande vantagem. Ainda que a empresa não seja o líder, estabelecendo novos negócios em que ela se torna líder, vai ganhando terreno para inverter a posição.
A competência estratégica produz resultados superiores e contribui para a aproximação ao líder, no caso de um follower, ou para o distanciamento ainda maior dos seguidores, no caso de um líder.
Podemos dizer, na terminologia de hoje, que “quem faz a diferença” estabelece vantagens sustentáveis e duradouras para o seu negócio?
É por aí que caminham aqueles que percebem que se não tomarem este risco, se apenas “tocarem o barco” não será suficiente e nem interessante. Assim, de vez em quando, atiram-se a uma investida significativa que ao ser realizada, traduz-se numa vantagem importante.
Seria interessante imaginar quantas vezes um bom executivo produz um grande momento de competência estratégica num prazo de 10 anos? Como comentei, estas iniciativas são mais raras e pela minha experiência e observação do mercado, se um bom executivo produzir 3 ou 4 “cases” em 10 anos, já fará uma grande diferença.
Este é o diferencial que as empresas muitas vezes procuram no mercado, em busca de executivos que possuem a característica de “fazer a diferença” ou que produzem um “Quantum Leap”.
Um fator essencial é a visão que o executivo ou empreendedor tem da sociedade, da economia, da indústria do país, do timing, etc. Em resumo, é fundamental um conhecimento, uma leitura avançada do ambiente em que faz negócios e principalmente a capacidade de antecipar as mudanças.
Cada indústria ou setor de negócios tem a sua velocidade de evolução e seus parâmetros de inovação. O “Quantum Leap” é diferente em cada uma delas, mas em todas, há profissionais que “fazem a diferença”. Estes definem novas tendências, mudam a direção do setor, forçam todos a acelerar os investimentos e correr atrás, antecipam modelos de negócios e contribuem para o desenvolvimento da sociedade.
A definição destes profissionais poderia ser de “sonhadores práticos”, capazes de imaginar uma solução inédita e de executá-las com precisão. Muitas vezes a diferença entre o possível e o impossível é apenas a capacidade de execução, que torna viável uma ideia impossível.
E então, você faz a diferença?
Que tal incluir na sua lista para 2012, estar atento para identificar uma grande oportunidade de “fazer a diferença”?
Grato,
YK.